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Em Pauta

A mulher na cama no tempo das avós

Mário Sérgio Lorenzetto | 06/03/2020 06:39
A mulher na cama no tempo das avós

O verdadeiro problema das camas era serem inseparáveis da mais problemática das atividades humanas: o sexo. Dentro do casamento, o sexo era, naturalmente, por vezes necessário. Era permitido às nossas avós participar de intimidades sexuais dentro do casamento, desde que isso fosse feito "sem nenhuma partícula de desejo sexual" como ensinava um manual para jovens de "boa família".

A mulher na cama no tempo das avós

Desejo sexual afetava o feto.

Acreditava-se que o humor da mãe (talvez a autora desejasse dizer "tesão") e seus pensamentos no momento da concepção e durante toda a gravidez afetavam o feto de maneira profunda e irremediável. Os casais eram aconselhados a só ter relações sexuais quando estivessem "em total sintonia" um com o outro, por medo de gerar uma criança defeituosa.

A mulher na cama no tempo das avós

Lições para evitar a excitação.

Para evitar a excitação, de modo geral, as mulheres eram orientadas a respirar ar fresco em abundância, evitar passatempos estimulantes como ler e jogar cartas e, acima de tudo, nunca usar o cérebro mais que o estritamente necessário. Mas a mais obscurantista lição era a de que educar a mulher, inclusive para o sexo, não era simplesmente um desperdício de tempo e de dinheiro, mas algo perigoso e mau para sua constituição "delicada".

A mulher na cama no tempo das avós

Mulher era serventia prática para o marido.

As mulheres só poderiam receber alguma orientação - nunca educação - para que tivessem serventia prática para os cônjuges, e não mais que isso. Os embrionários movimentos feministas reivindicavam educação. Mas há algo pouco conhecido: o pleito pela educação feminina dizia que elas deveriam ter mais tempo que os moços para arrumar os cabelos. Também há hilariantes "ensinamentos" sobre o sexo. As mulheres não podiam reter o sêmen em seu corpo (não diz em qual parte do corpo, mas certamente era na vagina) pois enriqueceria e revigoraria o cérebro feminino. Mas para o homem, a retenção de sêmen pela mulher, o deixaria enfraquecido, física e mentalmente.

A mulher na cama no tempo das avós

O espermatozoide fraquinho.

Mesmo dentro do casamento era preciso ser frugal com os espermatozoides, pois a atividade sexual frequente produzia um "esperma lânguido", resultando em filhos apáticos. Uma relação por mês era o recomendado como o máximo para garantir a segurança.

A mulher na cama no tempo das avós

Os loucos e loucas que masturbavam.

A masturbação, ou "autoabuso, como a chamavam, ficava fora de cogitação, especialmente para as mulheres. Suas consequências abrangiam praticamente todas as condições indesejável conhecidas pela ciência médica, incluindo a loucura. Para elas, havia um adendo à loucura, a morte prematura. Masturbou, morreu. O diagnóstico da mulher que masturbava era feito observando "infelicidade, mãos trêmulas, palidez e contorções".

A mulher na cama no tempo das avós

Uma explosão!

O orgasmo feminino era praticamente desconhecido. Havia uma descrição de algo que podemos imaginar como orgasmo: "uma explosão, um golpe mortal paralisante". Mas tem outro terror. O vício da masturbação seria automaticamente transmitido para os filhos e filhas. E eles nasceriam com o cérebro "amolecido". Só com coragem heroica uma moça se masturbaria.
A maior vitória feminina não se deu em fábricas ou partidos, foi a conquista de seu próprio corpo. A liberdade de buscar o prazer.

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