A vacina deve ser obrigatória para todos?
A covid, além de matar, aprofundou as diferenças ideológicas dos brasileiros. O fosso entre bolsonaristas e seus opositores, está crescendo a cada dia. Com o relógio contando as horas para o início da vacinação, inicia-se o novo debate: a vacinação deve ser obrigatória para todos? As respostas a essa interrogação tem sido superficiais.
Compulsory vaccination ou mandatory vaccination?
Com raras exceções - militares, via de regra - o Brasil não tem implementado vacinação coercitiva há tanto tempo que já nem recordamos quando era obrigatória. Mas em que consiste "vacinação obrigatória"? Na prática mundial, há duas formas de obrigatoriedade, a que impõe sanções (multas) a quem não se vacina, chamada "compulsory vaccination", e a que impede a entrada em certos lugares denominada "mandatory vaccination". O exemplo de proibição de acesso à determinados lugares se dá nas escolas. Adulto que não tomar vacina, nela não entra. Há uma terceira, a vacinação mediante o emprego de força bruta. É um método tão injusto e impraticável que merece ser deixado de lado.
Multas neles?
Multar parece fácil. Todavia, vemos cotidianamente que esse tipo de punição não trás os resultados que esperávamos. Há um percentual elevado de multas de trânsito que jamais serão quitadas. Multas de impostos? A regra brasileira é beneficiar os inadimplentes com as recorrentes anistias. Mas multar quem decida não vacinar também não é uma opção equitativa. Essa multa certamente não poderá ser elevada. Os ricos que não quiserem ser vacinados não se importarão em pagar tal multa. Já para os pobres, será mais uma multa que eles não tem condições de pagar.
Os sem registro e os insubmissos.
Acabamos de presenciar um filme de terror: milhões de brasileiros colocados em fila para realizar o cadastro visando receber os seiscentos reais do governo federal. Este é um país onde sempre reinou a bagunça. Assim continuará. Teremos uma nova fila descomunal para o cadastro da vacina? Há milhões de brasileiros que nunca pisaram em um posto de saúde. Também há os insubmissos. Para quem nunca labutou na área da saúde, é interessante saber que um percentual elevado de homens, valentões para tudo, quando veem uma seringa saem correndo. Literalmente. Eles não tomarão vacina injetável em hipótese alguma. E ainda há os inimigos da vacina, aqueles que vivem de teorias amalucadas.
E a imunização de grupo?
A teoria das pandemias - nunca verificada cientificamente - é de que, um vírus não consegue atacar os humanos após um determinado percentual da população tê-lo adquirido. A imunidade de grupo seria atingida após 60% a 70% da população ter sido infectada. Não resta dúvida que um percentual bem superior a esse receberá a vacina sem nenhum problema, sem oferecer qualquer tipo de restrição a ela. Assim, atingiríamos a famosa imunidade de grupo.
Vacinar crianças e jovens?
A coerção não concilia bem com as liberdades individuais. Estamos vivenciando esse fato com o uso da máscara. Há um cociente que deveria ser melhor dimensionado: diminuição do risco/ restrição dos direitos fundamentais. Para começar o debate desse cociente devemos nos perguntar se as crianças devem ser obrigadas a receber essa vacina. Dependendo de quais serão seus efeitos secundários é importante avaliar pois a covid raramente trás algo além de uma febrícula para as crianças. E há mais, ninguém no mundo e nenhuma empresa farmacêutica sabe responder se após a inoculação da vacina continuaremos ou não transmitindo o vírus. Aliás, mal sabem responder o percentual dos que realmente estarão imunizados e por quanto tempo. Os percentuais que ora aparecem, são resultado de meras equações matemáticas. Só conheceremos os verdadeiros percentuais, daqui há dois anos ou mais.
Uma ampla campanha de convencimento.
A única alternativa sensata, e eficaz, é a de todos os governantes realizarem uma ampla campanha de convencimento da população, para que ela venha a se vacinar voluntariamente. Um dos grandes motivos da queda no percentual de vacinação que vem ocorrendo, é a falta de memorização do povo. E de convencimento. Mas a ingenuidade é proibida nesta coluna. Certamente os políticos continuarão a digladiar pela vacinação obrigatória e contra essa alternativa. É a melhor opção para eles. Pior para todos nós. Como sempre. Além da bagunça, o reino dos políticos clama pela ignorância.