As greves dos professores que eclodem no país são fruto da inércia de Janine
O paratudo e a educação.
Na medicina popular, o ministro Joaquim Levy seria o equivalente a uma casca de árvore chamada de paratudo. Como o nome sugere, a planta cura dor de cabeça, de dente, diarreia, cólica menstrual, prisão de ventre e todos os demais males do corpo e do espírito. Tem gente que acredita que ele resolverá até os problemas da educação brasileira.
Não há dúvida quanto aos danos que a esbórnia fiscal do governo federal causou à economia e à autoestima dos brasileiros. Mas a grande questão do momento é sobre quem recairá o ônus. Essa é uma decisão política, na qual todos estamos envolvidos, queiramos ou não. Todavia, é uma decisão ainda maior para aqueles que foram eleitos. Aos cidadãos, cabe pressionar.
Uma pauta diametralmente distinta, mas não oposta, teria um efeito restaurador do respeito do país muito maior do que atingir os R$ 66,3 bilhões de superávit primário em 2015, sem ignorar, é claro, o fato de que não se pode iniciar um projeto viável sem o equilíbrio financeiro. O ministro Levy deveria ser um dos ministros menos visíveis do governo. Esse é o papel de qualquer funcionário público responsável pelas finanças de um órgão público. A invisibilidade demonstra que as finanças e a economia andam bem.
Quem deveria estar ocupando todos os espaços noticiosos seria o ministro da Educação. Renato Janine é o novo ministro da pasta que deveria estar funcionando a todo vapor. E não está. As greves dos professores que eclodem no país são fruto da inércia desse ministério. Não basta discutir salário de professor, temos de discutir a gestão das escolas e a qualidade do ensino que é oferecido pelas redes públicas. Essa é a maior calamidade da educação brasileira. Esse papel, é o mínimo que se espera do Ministério da Educação.
O discurso do Estado Islâmico. O ódio no campo de batalha.
Os crimes praticados pelo Estado Islâmico (EI) são sobejamente conhecidos. Revestem-se de crueldades chocantes. Mas o que torna o EI tão atraente para os jovens europeus e norte-americanos? A primeira resposta não é plenamente satisfatória, aquela que está presente nos noticiários: os problemas estruturais que as comunidades mulçumanas enfrentam no mundo ocidental e até mesmo em países do Oriente Médio "ocidentalizados".
A resposta pode ser encontrada lendo o discurso de seus líderes e vendo as imagens propagandeadas por esse califado. Eles falam em autodefesa da vida mulçumana. Explicam que a nação mulçumana está em crise, dividida em mais de 20 países e que não há lei sharia (é o direito islâmico, não há separação entre o direito e a religião, todas as leis são religiosas e baseadas nas escrituras sagradas e nas palavras dos líderes religiosos). Os comandantes do Estado Islâmico preconizam que esta não é a hora de "vender tomates no mercado". Apostam que é hora de derrubar regimes e trazer de volta a soberania divina.
Eles concordam que são extremistas e se defendem dizendo que o "extremo de um é relativo ao extremo do outro". Isto é, quanto mais o ocidente levar as guerras contra eles, eles se tornarão ainda mais extremistas. Estão no extremo oposto de democracias liberais, capitalismo, direitos humanos, prostituição e pornografia. Para eles, esse conjunto é o "sistema secular". Contrapõem-se afirmando que acreditam em direitos divinos. Para o EI a lei sharia não pode ser implementada em uma sociedade liberal. Entendem que há um grande contraste entre o islamismo de um lado, e o cristianismo e judaísmo de outro. Para eles, o cristianismo e judaísmo podem ser praticados apenas nas igrejas e sinagogas, não necessitando vivenciá-los no cotidiano.
Argumentam que o EI foi declarado (mas não reconhecido) em 2013. Eles teriam cumprido com os padrões do Corão em termos de estrutura. Tem um califa, um Estado, um conselho, juízes e o exército nas fronteiras. Concordam que ainda não podem oferecer segurança àqueles que vivem em seus territórios por estarem em guerra com seis ou sete nações. Mesmo assim continuam conquistando novos territórios e ocupam uma área maior que a Inglaterra. Também fazem a contraposição com a política praticada por eles e a ocidental. Começam afirmando que a palavra política tem outro significado em árabe. No Ocidente, a política seria a arte da ilusão, a arte de dizer uma coisa e praticar outra, manter o status quo e tentar ganhar o apoio das massas. Para o EI, a política seria "muito pura". Significaria se preocupar com a necessidade das pessoas. "Acreditamos que é preciso dar à população o que ela necessita para prosperar". E continuam se diferenciando: "Observem mesmo países no Oriente Médio, como a Arábia Saudita: poucas famílias com uma concentração enorme de renda e muitas pessoas sem atendimento de suas necessidades básicas". Terminam o discurso defendendo Bin Laden: "A anarquia é exatamente o que Osama Bin Laden queria com o ataque ao World Trade Center em 2001. Criar anarquia para que, em meio ao caos, o Estado Islâmico pudesse surgir".
Porque 20.000 jovens viajaram para a Síria para se unir ao Estado Islâmico?
Na década de 1980, os países ocidentais propugnavam por políticas públicas que favorecessem o multiculturalismo. Tudo mudou nos anos 1990, quando a igualdade cultural começou a desaparecer. A narrativa passou a ser sobre valores e princípios europeus e norte-americanos. O Estado Islâmico entende que essa é uma forma de colonialismo, ainda que praticada dentro dos territórios europeus.
Discriminações nas escolas, na sociedade, limitações de ascensão social, emprego e dificuldades linguísticas. Estes seriam os fatores que transformaram a vida dos jovens mulçumanos no Ocidente em verdadeiros guetos. A xenofobia é crescente (até mesmo no Brasil); uma pesquisa publicada na semana passada mostrou que 40% dos ingleses acreditam que os mulçumanos estão "tomando conta do país".
Em 2015, o EI passou a propagar a ideia que as áreas que ocupa não são apenas zonas de guerra, mas lugares onde também há uma oportunidade de futuro. Difundem-se imagens de crianças, parques, cidades pacíficas e promessas de bem-estar social. O Estado Islâmico tem veiculado a ideia de que não querem somente soldados. Querem algo durável, famílias. Há uma imagem idealizada e a retórica de que, mesmo se o cenário não é ideal agora e a vida não é fácil dentro das fronteiras, algo está sendo construído e há um futuro a ser almejado. O califado do Estado Islâmico apresenta uma "prova" de que se tornaram o destino dos mulçumanos: aqueles mais de 20.000 jovens que foram para seus territórios não retornaram a seus países de origem. Pelo contrário, queimaram seus passaportes, não tem intenção de voltar.
Todo radicalismo, antes de tudo, é um culto à auto-identificação. Você é cristão, judeu ou mulçumano; brasileiro, inglês ou sírio. E isso constrói uma parte de sua identidade. Como a vida é difícil, as pessoas acreditam que, com uma identidade, tudo pode ser mais fácil. Com o radicalismo, essa identificação, esse pertencimento é ainda mais forte. O sujeito radical sempre foi perseguido pelos poderosos ao longo da história. Por outro lado, eles gostam da atenção que despertam daqueles que estão insatisfeitos.
Retire seu dinheiro da caderneta de poupança.
O número de brasileiros que aplicam seu dinheiro em caderneta de poupança é fantástico. São 125 milhões jogando dinheiro fora. Algo como 60% da população opta por esse engodo. Facilidade para aplicar, liquidez diária, isenção de imposto de renda, tradição, conservadorismo e marketing bem montado são algumas das explicações a esse fenômeno. Mas o pulo do gato quase sempre se efetiva; os bancos ganham e os poupadores perdem. Vamos às contas. As cadernetas de poupança têm um rendimento médio de 0,5% ao mês, mais a módica variação da Taxa Referencial, calculada diariamente pelo Banco Central. O retorno acumulado em um ano é de aproximadamente 6,0%.
Essa conta pode parecer boa. Mas não é. Não podem esquecer da inflação. O vilão, chamado inflação, está em 7,70% no acumulado dos doze meses. Ou seja, o aumento dos preços no país (inflação) comeu todo o rendimento da caderneta de poupança, gerando inclusive um pequeno "prejuízo" para os aplicadores. Bem claro: você está perdendo dinheiro.
Cães e gatos com planos de saúde e seguro de vida.
Seguros para cães e gatos passaram a ser oferecidos por corretores às famílias com bichinhos de estimação. Os novos produtos prometem elevar a expectativa de vida dos animais. Um deles prevê o bem-estar do "amigo da família" após o falecimento de seu dono. Outro produto, que é um plano de saúde, apresenta uma rede de clínicas, hospitais e veterinários credenciados, ou seja, medicina de ponta para tratamento do animalzinho companheiro. O mercado de animais de estimação - cães e gatos - no Brasil é o segundo maior do mundo, perdendo apenas para os EUA. A indústria de pets (ração, produtos veterinários e de clínicas) movimenta cerca de R$ 17 bilhões no país. O potencial para ser explorado pelos novos produtos é grande. A Porto Seguro e a Health for Pet contabilizam 1.200 animais com plano de saúde. O custo médio mensal do plano fica entre R$ 40 a R$ 200, conforme as coberturas selecionadas (exame de imagem, internações, cirurgias e tratamentos complexos como tomografia e ressonância). Há um plantão 24 horas. Cada animal é identificado com microchip, foto e prontuário pela internet. Por enquanto só está disponível em São Paulo. As demais capitais brasileiras os terão no segundo semestre.
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