Colapso. Como as sociedades escolhem o fracasso
O que é mais assustador do que o espectro do colapso de uma civilização - os restos dos templos abandonados de Angkor Wat, no Cambodja, das cidades maias tomadas pelas selvas, a vigília sombria das estátuas da Ilha da Páscoa, as ruínas de Macchu Picchu, na selva peruana ou os mais de 20 mil sítios arqueológicos indígenas brasileiros?
As imagens dessas ruínas sugerem a pergunta: Será que isso também não pode acontecer conosco?
A última palmeira da Ilha da Páscoa.
Por que diabos uma sociedade toma uma decisão tão obviamente desastrosa como cortar todas as árvores das quais depende? O que pensavam ao cortar a última árvore da ilha? Nada aprendemos com esse erro. Caso ainda houver gente daqui a 100 anos, essas pessoas ficarão tão atônitas com a nossa cegueira como ficamos com a dos pascoenses? Eles entraram em colapso. Nós estamos próximos deles? Basta abrir os olhos e enxergar como agimos com um vírus, ou com as florestas, ou com a economia e política. Estamos nos destruindo.
Raposas e coelhos na Austrália.
Atualmente a Austrália é um belo país. Um país de classe média. Mas o passado foi marcado por um erro que a levou ao colapso. Os colonos ingleses introduziram raposas e coelhos da Inglaterra na Austrália no século XIX. As raposas atacaram e exterminaram muitas espécies de mamíferos nativos australianos sem experiência evolucionária de raposas. Eram presas fáceis, ficavam olhando as raposas... até serem devorados. Os coelhos consumiram a forragem destinada a alimentar ovelhas e bois, algo semelhante com a introdução dos javalis no Brasil. Mas aprendemos com esse erro. é por causa dele que, quando sobe em um avião, voltando para seu país de origem, as autoridades insistem em perguntar (e tomar. se preciso) se está transportando plantas, sementes ou animais.
A economia viking do marfim das morsas.
Se há o caso da cegueira ou da ignorância, também há o caso do desconhecimento de como funciona a economia mundial. A conquista e manutenção de mercados são vitais. Os vikings imigraram para a Islândia por volta do ano 870 d.C., saíram da Noruega e da Inglaterra. Também foram para a Groenlândia. Na Islândia e na Groenlândia, viviam da venda do marfim das morsas. Na Groenlândia, não sabiam que que os europeus estavam começando a levar marfim de elefante da Ásia e da África para concorrer com o da morsa. A sociedade groenlandesa faliu. Entrou em colapso. Pelo contrário, a finlandesa, conhecedora da novidade do comércio de marfim de outras regiões, tratou de criar novas formas de ganhar mercado com seus produtos. Começaram a criar um vasto mercado com a venda de peixes salgados e colocados em barris. A sociedade da Groenlândia continua pobre. A da Islândia é rica e pujante.
O que nos contam as ruínas e sítios arqueológicos do Peru e do Brasil.
Milhões de páginas foram escritas sobre o genocídio causado por espanhóis e portugueses nas Américas. Raramente contam que os indígenas foram derrotados basicamente por: Germes, Aço e Intrigas políticas. Há todo tipo de contas que mostram o genocídio indígena na América do Sul causado por germes trazidos pelos europeus. Vão de 25 milhões a 70 milhões de indígenas que caíram devido a vírus e bactérias desconhecidos nesta parte do mundo.Ao contrário do que dizem os livros brasileiros, o que seduzia os indígenas da América do Sul, não eram enfeites e outras miçangas, era o aço. O ferro foi responsável por parte fundamental da conquista. O indígenas trocavam um machado espanhol por dezenas de escravos para cultivar alimentos e mulheres para serem amantes dos estrangeiros. Como tão poucos europeus massacraram milhares de indígenas nas batalhas das conquistas? Essa é uma questão eivada de mentiras até nossos dias. A nossa história é caolha. A verdade que não querem contar é que os europeus eram exímios articuladores de alianças de indígenas contra outros indígenas. As intrigas políticas lhes eram comuns. Sabiam como dividir os inimigos para conquistar. Índios mataram índios em enorme quantidade. Os portugueses só queriam ficar deitados nas redes com muita fartura na mesa e no sexo. Essa é a lição que não querem revelar. Continuamos tão despreparados como sempre. Germes, Aço e Intrigas políticas... talvez no próximo século venhamos a entender a importância da tecnologia, da saúde e da união política. Mas também há a história da preguiça e da excessiva sexualidade, que nunca aprenderemos....