Comer ou não comer carne bovina, eis a falsa questão
Já li muitas vezes que uma porção de carne bovina aumenta a probabilidade de câncer colorretal, em 18%. Tudo indica que isso é correto, apesar da gritaria dos envolvidos na criação e transformação de uma vaca em hambúrguer.
Da arte de manipular números.
Mas há uma informação tão irretorquível como essa. O risco de ter câncer colorretal para qualquer pessoa, inclusive para aqueles que nunca comeram um só hambúrguer, é de aproximadamente 5%. Comer carne bovina todos os dias eleva o risco absoluto de câncer em 1 ponto percentual, para 6% (isso representa 18% daquele risco de 5%). Manipulam os números e pretendem levar os sul-mato-grossenses - um dos maiores devoradores de carne bovina - para a eliminação da carne.
E mais números...
Assim, em outras palavras, se 100 pessoas comem um cachorro-quente ou um sanduíche com bacon todo dia, ao longo da vida uma delas terá câncer colorretal (além das 5 que teriam esse câncer, de todo modo). Aumentar em 1% as chances de ter câncer pela ingestão de carne bovina pode não ser um risco que você vai querer correr, mas também está há milhares de quilômetros de uma sentença de morte.
Probabilidade não é destino.
É importante distinguir entre probabilidade e destino. Só porque você é obeso, fumante ou sedentário não significa que está condenado a morrer antes da hora. Ou evitará o perigo caso decida seguir uma dieta mais regrada. Mais de 20% de pessoas obesas viveram até idade avançada sem nunca fazer algo a respeito. Só porque você se exercita regularmente e come muita salada não quer dizer que já garantiu para si uma expectativa de vida melhor. Apenas aumentou as chances de isso acontecer. Lembrem-se, o ataque cardíaco é 50% genética. Os outros 50%? Culpem tudo aquilo que faz valer a pena estar vivo: sal, açúcar, cerveja, pizza, macarronada, churrasco....