Eleições. O dedo a dedo substituirá o corpo a corpo
As mídias sociais terão um papel de destaque ainda maior nas eleições municipais. Existem as mídias sociais e as redes sociais. Mídias sociais são os sites e blogs. Redes sociais são o WhatsApp e o Facebook. Terão de cuidar dessas duas grandes plataformas de comunicação. A influencia será extraordinária. Na maioria das grandes capitais essa dupla já é mais importante que a televisão. Campo Grande vive um período de transição.
Esqueçam os debates nacionais como impeachment e Lava-Jato. As pesquisas estão mostrando que os temas municipais é que estão atraindo as atenções. O caminhão recolheu o lixo? O ônibus passa na hora certa? Há buracos no asfalto? Quanto leva para marcar consulta em um médico especialista? A escola de meu filho é boa? Há segurança em meu bairro? Todavia, todas essas questões somadas, equivalem a promoção do emprego. O que fazer com o desemprego que asfixia milhares de famílias é o maior tema da atualidade, ainda que os jornais ainda estejam olhando no retrovisor.
As leis básicas da estupidez. Onde colocar nossos políticos no diagrama de Cipolla
Durante muito tempo a questão da estupidez na política, na economia e na sociedade em geral foi considerada trivial entre os estudiosos. Um acadêmico italiano decidiu tratar o tema com um pouco mais de seriedade.
Era Carlo M. Cipolla (1922-2000), historiador econômico e professor de três universidades: Pávia, na Itália; Califórnia, nos EUA e London School of Economics, na Inglaterra. Cipolla é considerado um dos historiadores econômicos mais importantes do século passado. Suas ideias e estudos continuam atuais.
Sua gama de interesses eram imensa. Estudou desde história da moeda ate a da saúde pública. Fez profundos estudos das tecnologias e da demografia. Também aprofundou a história da educação. Até a história dos relógios não passou desapercebida por Cipolla.
Foi assim que chegou às famosas "leis básicas da estupidez", uma verdadeira radiografia da condição humana. O historiador identificou quatro tipo de indivíduos na sociedade, segundo o benefício ou prejuízo que geram para as demais pessoas e para si mesmos. E os localizou em um diagrama:
Para Cipolla, os estúpidos eram os piores de todos. Até os bandidos eram melhores que eles. O historiador sustentava que os malvados "ao menos produziam algum benefício". Por exemplo, desde o ponto de vista econômico, permitiam que alguns bens mudassem de mãos. Os estúpidos, ao contrário, não geravam intercambio algum. Foi pensando nesses personagens nocivos que Cipolla escreveu as "leis básicas da estupidez", que, resumidamente, são:
1. Sempre e inevitavelmente qualquer um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos em circulação.
2. A probabilidade de que uma pessoa seja estúpida independe de qualquer outra característica de sua personalidade.
3. Uma pessoa é estúpida se causa dano a outra pessoa ou grupo de pessoas sem obter qualquer vantagem pessoal, ou ainda pior, provocando danos a si mesmo no processo.
4. As pessoas não estúpidas sempre subestimam o potencial danoso dos estúpidos. Constantemente esquecem que em qualquer momento e em qualquer circunstância, associar-se com indivíduos estúpidos constitui, invariavelmente, um erro custoso.
5. A pessoa estúpida é a mais perigosa que existe.
Bom dia, Vietnã. O pequeno país é o novo tigre asiático
Durante a Segunda Guerra Mundial, o Vietnã, uma colônia francesa, viu serem retirados todos seus alimentos para serem levados às tropas europeias. Fez uma revolução. Expulsou os franceses de seu território. Em seguida, foi a vez dos Estados Unidos. Durante a Guerra Fria, um dos mais improváveis embates ocorreram no pequeno país. Davi surrou Golias novamente. Mal haviam expulsado as tropas norte-americanas, a China ultrapassou as fronteiras dos dois países. Exauridos e famintos, não se curvaram e, também, expulsaram os chineses. O Vietnã não se dobrou a nenhuma potencia.
Nos anos 1980, o governo vietnamita promoveu a abertura para o capitalismo. O plano ficou conhecido como "Doi Moi". Marcou o início do esforço para um crescimento superior a 7% por ano. Taxas similares às chinesas. Com o passar dos anos o crescimento começou a murchar. As empresas estatais tornaram-se inadimplentes e sugaram o crescimento.
Agora, o país se tornou vigoroso como uma alternativa industrial mais barata à vizinha China onde a massa salarial avançou enormemente. Os principais jornais europeus estamparam em suas páginas o recente crescimento que denominam de "vertiginoso". Fizeram as reformas, semelhantes às que necessitamos no Brasil. Passaram a administrar corretamente suas estatais e melhoraram as relações entre patrões e empregados. O tigre voou!
Religião ou prazeres da mente. A criação da Bíblia Vulgata
A religião nascida na antiga Palestina enfrentou leões e perseguições. Graças aos familiares de Jesus Cristo, amigos e, principalmente, ao exército romano, conquistou o Oriente Médio, a Grécia e Roma. Todavia, um segmento da população do Império Romana não a aceitava e a ridicularizava. Os intelectuais romanos só se "renderam" aos preceitos católicos graças a um deles. Jerônimo era seu nome.
Jerônimo tivera uma educação de elite. Um rigoroso treinamento em gramática e retórica. Também imergira profundamente nas obras-primas da literatura de sua época. Jerônimo abdicara de sua herança e resolve adotar a vida religiosa. Nesse momento de abdicação ele sentira medo. Não era mais o medo das perseguições. Mas era um medo importante. Ele temia o riso. O riso também tem dentes... e afiados.
O que era ridículo no cristianismo, para os intelectuais pagãos, era não apenas sua linguagem - o estilo simplório do grego, o "bárbaro" hebraico e o aramaico - mas a exaltação da humilhação e da dor. Além do triunfalismo e da ressurreição da carne.
Entra Jerônimo em cena. Ele descreve uma luta interna. Estava indo de Roma a Jerusalém, decidido a disciplinar o corpo e salvar a alma. Ainda assim, levou sua imensa biblioteca. Abria mão de tudo, menos dos prazeres da mente. "Passava muitas noites em vigilia, chorava amargas lágrimas", era difícil abandonar as melhores leituras dos clássicos Cícero, Plauto, Quintiliano e Plínio. O que o "salvou", escreve Jerônimo, foi um pesadelo. Em delírio, sonhou que havia sido arrastado para diante do trono do julgamento de Deus. Afirmou que era cristão. Mas o juiz respondeu com severidade: "Mentes: és ciceroniano, e não cristão". Esse sonho terrível o transformou.
Jerônimo se instalou em Belém, onde fundou dois mosteiros, um para si próprio e para seus monges, outro para as devotas que o acompanhavam. Ali, viveu por 36 anos, estudando, envolvendo-se em veementes controvérsias teológicas e, mais importante, traduzindo as Escrituras Hebraicas para o latim e revisando a tradução latina do Novo Testamento. Sua realização, a grande Bíblia Latina, conhecida como Vulgata, foi declarada "mais autêntica" que a original pela Igreja Católica. Jerônimo passou a ser um santo. Talvez o único aceito pelos intelectuais de sua época.
Fez se a junção dos dois mundos. O platonismo deu ao cristianismo seu modelo de alma. O aristotelismo, sua "Causa Primeira". O estoicismo, seu modelo de Providência. Platão e Aristóteles, que acreditavam na imortalidade da alma, foram, depois, na Idade Média, acomodados dentro do cristianismo. Os epicuristas não foram aceitos. As diferenças entre intelectuais e religiosos resiste aos tempos.