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Em Pauta

Fortes e líderes, os 1ºs homens nas fazendas do Pantanal

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 10/05/2024 07:45
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Durante meio século, os paiaguás impediram a chegada dos pioneiros do Pantanal. Em 1.727, ocorreu a primeira tentativa de povoamento da região,  o governo do Rio de Janeiro concedeu quatro sesmarias. Era um imenso lote de terra distribuído a um beneficiário, em nome do rei de Portugal. Nenhum dos quatro beneficiários utilizou essas terras situadas no Taquari. O medo dos paiaguás se impunha. Assim foi que se manteve despovoada a quase totalidade do território pantaneiro. Nenhum pretendente seria tão desatinado em enfrentar os velozes índios canoeiros. Só com a fundação do Forte de Coimbra, impedindo as manobras paiaguás, surgiram os pioneiros no Pantanal.


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O trio de ferro e a mulher maravilha.

Em 1.780, Francisco Corrêa da Costa, Antônio José da Silva e o português Jerônimo Joaquim Nunes, acompanhando os cursos das águas, se estabeleceram no território pantaneiro. Outro português, Leonardo Soares de Souza, iria montar a fazenda tida como modelo pantaneiro. Esse português tinha uma filha chamada Maria Josefa de Jesus, casada com outro português, um sargento de nome João Pereira Leite. Maria Josefa, com a ausência permanente do marido, erigiu a fazenda Jacobina, que se orgulhava de dirigir. Era a mais opulenta fazenda, tento em área como em produção. Pelos seus campos sem fim, pastavam mais de 60.000 cabeças bovinas. Tinha 200 escravos, canaviais, plantações imensas de feijão, cereais e café. Sobrava tanta comida, que Maria Josefa enviava gratuitamente seis batelões para o Forte Coimbra constantemente. Era tida como a própria mulher maravilha.


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A transformação de fazendas para imensos latifúndios.

A concessão original das sesmarias seria de 1.000 a 3.000 hectares. Logo, entenderam que essa quantidade de terras só seria viável para fazendeiros que não estivessem no Pantanal. O regime das águas, a seca e as enchentes anuais, impediam a criação de gado em poucas terras. Generalizaram que as fazendas pantaneiras, assim, teriam 13.068 hectares. A facilidade na aquisição, por título gratuito, de glebas imensas, também explica o surgimento dos imensos latifúndios. Em uma região tão erma, sempre temendo o ataque dos paiaguás, não havia lugar para os fracos e solitários. Eram líderes capazes de comandar e convencer outros homens.


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Títulos de terra.

De Jacobina irradiava a gente aventureira. Estevão Alves Corrêa, Major Metelo José Alves Ribeiro, preferiram o vale do Aquidauana e Miranda. Alguns não tinham o título das sesmarias, mas uma lei de 1.850, complementada por outra de 1.854, reconheceu o direito de todos eles. Outra lei, de 1.892, permitiu a eles maiores transferências de terras. Tinham de enfrentar as agruras da burocracia da Repartição de Terras, um órgão público em Cuiabá. Todos esses títulos receberam o despacho do governador do Estado (então, chamado de Presidente do Estado). Ao contrário do que muitos imaginam, essa terras foram devidamente legalizadas. Houve muita coragem desses pioneiros de viver e fazer fortuna em local tão inóspito, nenhuma malandragem.


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Os peões de lá e os de cá.

Há muitas diferenças entre o Mato Grosso e o Mato Grosso do Sul desde sempre. Uma, pouco conhecida, é a dos peões que trabalhavam nas fazendas. Os do Mato Grosso, eram hábeis nas enxadas, nos trabalhos nas roças. Também eram negros, mulatos e cafuzos (mestiços de negros com índios). A composição étnica no nosso Pantanal era diametralmente diferente. Indígenas supriram inicialmente a falta de peões criados em cidades ou vilas. Após a guerra, comandada por Solano Lopes, uma multidão de guaranis veio para o Pantanal. Tinham admirável destreza na lida com o gado, nenhum gosto manifestavam para a labuta agrária.

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