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Em Pauta

Grampolândia, tem mais alguém na linha

Mário Sérgio Lorenzetto | 04/03/2020 06:22
Grampolândia, tem mais alguém na linha

Quem se surpreende com os mais de 400.000 telefones grampeados pelas autoridades brasileiras talvez não imagine que essa prática é quase tão antiga quanto a própria invenção do telefone, em 1876. No primeiro momento, o grampo estava vinculado à fofoca. Era prática de bisbilhoteiras e não de autoridades. Mas tudo mudaria em 1918.

Grampolândia, tem mais alguém na linha

Tem Índio na linha.

Um dos casos mais famosos da grampolândia ocorreu em 1918. Os militares dos Estados Unidos perceberam que suas conversas estavam sendo ouvidas. Recrutaram, então, índios para transmitir os dados confidenciais. Apostavam que as línguas nativas não seriam entendidas pelos interceptadores. Aparentemente, não há um primeiro caso de grampo documentado. Mas fazer uma escuta é tão fácil que em pouco tempo elas se transformaram em recursos importantes para governantes.

Grampolândia, tem mais alguém na linha

Grampo para combater metralhadora.

Outro caso importante ocorreu no período da Lei Seca nos EUA. Com o término da Primeira Guerra, não havia para quem vender as metralhadoras Thompson. Eram caras e a paz ocupava o mundo. A gangue de Al Capone começou a "arrumar" essas metralhadoras. Nunca esclareceram como as adquiriram, mas o fato é que quase todos seus membros dispunham dessa arma poderosa para a época. Já os policiais andavam com os quase inúteis 38. Metralhadora contra 38. O resultado todos sabem. Foi quando entrou na frente de combate o salvador grampo. A história parcial da glórias a policiais intocáveis, contador e juiz. A verdade é que os grampos foram os grandes responsáveis para desbaratar a quadrilha de Capone.

Grampolândia, tem mais alguém na linha

Muito barato.

Grampear tornou-se baratíssimo. Hoje, qualquer ligação pode ser interceptada via satélite. Apesar de nenhum governo admitir essa prática, rastreiam uma quantidade inimaginável de dados. Em tese, de acordo com a lei brasileira, apenas a Polícia Federal, a Polícia Civil e membros do Ministério Público podem pedir autuada justiça para grampear alguém. É só vale por 15 dias. Na prática.......
O mundo do grampo é muito mais nebuloso. Um grampo de telefone com linha fixa ilegal, particular, custa entre R$300 a R$500 por semana no mercado negro. Um grampo de celular pode custar algo como dois a três mil reais. É fácil encontrar serviços de escuta sendo oferecidos na internet esse é um mercado amplo. Basta saber como entrar. Só há uma maneira de escapar da grampolândia: pelado, em uma bóia, no alto mar.

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