La vie en rose. A vida dos políticos após Rose
O que existe hoje muito claramente no mundo político é que os cidadãos não aceitam mais, não suportam, o discurso político tradicional. E isso envolve todos os partidos. Lapidar: Marquinhos teve boa parte de sua vitória creditada à negação do tradicionalismo. Seu partido não existe no Mato Grosso do Sul, ele estava sozinho, sem a companhia de outros políticos e o fundamental: seu discurso foi o que mais se aproximou da verdade, da falência da prefeitura. Além desses "insumos", Marquinhos teve o crédito de anos de preparação correndo e atendendo a população da periferia.
Essas eleições, todavia, não foram marcadas por eleitos e derrotados. A grande marca foi a presença maciça de eleitores que manifestaram o sentimento de antipolítica, cujo resultado foi justamente o alto grau de abstenção, votos brancos ou nulos. O resultado eleitoral correto foi: Marquinhos em primeiro lugar, Antipolítica em segundo e Rose, em terceiro. O embate final ficou entre Marquinhos e a Antipolítica.
Vários analistas estão considerando esse aumento da antipolítica mais importante até do que o resultado geral. Sem dúvida, é mais importante do que a análise de que as urnas deslocaram-se para a centro-direita e rejeitam o PT. Apenas como parêntese: o PT foi varrido do mapa eleitoral.
O "ninguém me representa" começou a tomar forma em 2013 com as grandes manifestações, mas já vinha dando sinais antes disso, nestas eleições se mostrou de forma contundente. Os políticos procuram alguma reação. Mas a perspectiva é piorar. Nos protestos de 2013 e do impeachment os políticos e os partidos já eram rechaçados. Agora, bateram o recorde nacional e local de votos nulos, brancos e abstenções. Não veremos "La vie en rose", a vida dos políticos após Rose será complicada. De todos.
O que deseja o eleitor?
As pesquisas e os votos mostram o que os eleitores desejam. Querem um discurso mais realista e mais próximo de seus problemas. O que o eleitorado espera é uma mudança nas práticas, que resolva a crise econômica e os problemas do cotidiano que interferem diretamente na vida deles: o desemprego, a inflação, a qualidade das escolas do filho, atendimento nos hospitais e postos de saúde e o estrondo do medo com os problemas na segurança... Tudo isso está muito mal avaliado e as pessoas estão exigindo uma solução urgente.
Apesar de tudo, a extrema-direita ainda é minoritária, cresceu, mas é pequena. Até cinco ou seis anos atrás, havia uma predominância daqueles que se identificavam com a centro-esquerda. O pêndulo está voltando para a centro-direita. Esse foi outro "insumo" da vitória de Marquinhos. Eles se aproxima desse ideário que está em voga. Todavia, o eleitor, quando vota para prefeito, tem uma visão muito pragmática sobre quem pode atrapalhar menos sua vida e esse foi o grande trunfo de Marquinhos.
Qual a tendência política para 2018?
É cedo, porque há muito para acontecer. E em pouco tempo. Os Trads se fortaleceram e Azambuja viu seu cacife ferido nos espinhos da Rose. Mas, a verdade que os políticos não desejam explicitar, é que a verdadeira mudança no cenário é o enfraquecimento do poder de barganha de Azambuja. Perdeu algum poder de negociação com os políticos.
Mas uma campanha eleitoral pode tornar isso irrelevante. Na campanha, dependerá da comunicação que cada candidato faz com os eleitores. Na disputa de poder, Azambuja sai enfraquecido, na eleição esse enfraquecimento pode desaparecer.
As derrotas de 2016 não deveriam ser a maior preocupação de Azambuja. O grande problema está colocado na pergunta: quem será o candidato que enfrentará o governador? Por mais paradoxal que possa parecer, esse nome que não aparece deveria tirar o sono do governador. Não há como lutar contra uma ideia generalizada que não é liderada por outro político. Azambuja não tem como montar seus canhões para alvejar um desconhecido. Quem conduzirá o sentimento contrário ao atual governo? A única resposta plausível é que esse nome virá do polo da centro-direita, campo onde o atual governador liderava, mas perdeu espaço, especialmente devido aos impostos. Mas há o reverso do raciocínio. Esse nome do opositor de Azambuja terá de surgir em curto espaço de tempo. O desconhecimento costuma triturar as melhores candidaturas que possam ser colocadas no cenário eleitoral. Surge em poucos meses ou lutará contra a máquina governada por Azambuja e, ainda mais importante, contra o desconhecimento. O eleitor não vota em quem não conhece minimamente.
O número de mulheres pentamilionárias cresce mais que o de homens
Eles são os pentamilionários, aqueles que tem mais de US$ 5 milhões para investir. Nos Estados Unidos, 1 milhão de pessoas se encaixa nessa categoria. A cada ano, cresce em 5% o número de pentamilionários. A cifra de US$ 5 milhões não foi escolhida ao acaso. Especialistas estimam que com essa montanha de dinheiro é possível passar o resto da vida sem se preocupar, vivendo nos EUA.
Antigamente, esse nicho de milionários era formado quase exclusivamente por homens. Essa situação mudou. Há cada vez mais pentamilionárias nos EUA. Muitas delas são executivas de grandes empresas, com, por exemplo, o Facebook (dirigido por Sheryl Sandeberg). Aliás, segundo o estudo que coloca os pentamilionários na vitrine, o número de pentamilionárias no mundo, cresce mais rapidamente que o de homens. E também são mais jovens.
Esse estudo não foi desenvolvido no Brasil. Sabemos que existem 149 mil milionários em nosso país. São aqueles que possuem U$ 1 milhão para investir. Apenas nos EUA, há 6 milhões de pessoas com esse dinheiro. Na China, existem 1,3 milhão de milionários.
E, em um mundo onde a desigualdade social é cada vez mais discutida e problematizada, a crescente expansão desse seleto clube começa a instigar cada vez mais estudos de economistas.
No Brasil, junto com o desemprego e a perda da capacidade de compra de muitas famílias, a concentração de renda volta a dar sinais de crescimento. E nos EUA, apesar do boom de pentamilionários, cresce o número de pessoas que são forçadas a gastar a metade de sua renda apenas com aluguel.
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