ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
JANEIRO, SEXTA  17    CAMPO GRANDE 24º

Em Pauta

Notre Dame, a catedral que nos fez admirar a Idade Média

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 07/12/2024 07:00
Notre Dame, a catedral que nos fez admirar a Idade Média

O legado cultural mais perdurável de Victor Hugo, o grande escritor francês do século XIX e seguramente o mais popular da história daquele país, não é “Os Miseráveis”e a luta de Jean Valjean para encontrar algo parecido à justiça em um mundo que não tem piedade dos pobres. A marca mais profunda que Hugo deixou na França, e no mundo, é um livro sobre a monumental catedral gótica, cujas duas torres são tão reconhecíveis como a Torre Eiffel.  Em grande medida, Notre Dame de Paris, que está sendo reinaugurada neste sábado depois do incêndio que a arrasou, é um produto de Victor Hugo.


Notre Dame, a catedral que nos fez admirar a Idade Média

Em estado lamentável.

“Nossa Senhora de Paris”, o livro que Hugo publicou em 1.831, começa com a apresentação dos principais personagens: Esmeralda, a bela cigana; Quasimodo; o diácono Frollo, o apaixonado Pierre Grigoire e o capitão Febo…. Mas, de repente, Hugo detém a história para denunciar o lamentável estado em que se encontrava então a catedral. Tinha um aspecto de que iria cair a qualquer momento. Nem o gótico e nem a Idade Média tinham sido redescobertos até então. Também não existia a ideia de que os monumentos do passado deviam ser conservados. Pelo contrário, a ideia que vicejava era de que deviam ser derrubados, atrapalham o desenvolvimento das cidades. Em alguns lugares essa visão destrutiva do passado não mudou muito.


Notre Dame, a catedral que nos fez admirar a Idade Média

A catedral que sobreviveu a todos ataques.

Hugo lançou, nesse livro, uma reivindicação da arte medieval, acusando as autoridades de ser responsáveis de sua degradação, não só pelo abandono como pela moda: “As modas fizeram mais dano que as revoluções”. A catedral tinha sobrevivido à Revolução Francesa. Não foi derrubada, mas tinha virado um templo pagão dedicado à “Deusa Razão”, mas, também nessa época, estava a ponto de cair. Ela não era o templo da nobreza que eram coroados em Reims e enterrados em Saint-Denis. Era a igreja do povo de Paris.


Notre Dame, a catedral que nos fez admirar a Idade Média

Explosão: 12 milhões de visitantes.

O fascínio por Notre Dame refletem, sem dúvida, o poder do turismo massivo - a catedral recebeu 12 milhões de visitantes no ano anterior à catástrofe. Mas foi ela, através do livro de Hugo que criou o interminável interesse pela Idade Média. Se trata de um movimento que nasceu no século XIX, com o livro de Hugo e com “Ivahoé”, de Walter Scott. À partir de então, vimos fenômenos como “O Nome da Rosa”, de Umberto Eco, “O Senhor dos Anéis”, “Jogos de Tronos” e a imensa quantidade de livros e filmes sobre vikings, explodirem. Notre Dame não é a maior catedral, também não é a mais antiga e nem a mais rica, mas, sem dúvida alguma, é a mais admirada.

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

Nos siga no Google Notícias