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Em Pauta

O homem que dormia com tamanduá, história pantaneira

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 05/08/2024 09:45
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Podemos julgar o coração de um homem pela forma como ele trata os animais. Mas cabe indagar: até onde um homem pode arriscar sua vida vivendo em total comunhão com um animal selvagem? Qual o limite para o animal humano amar o animal que nunca foi domesticado? O Pantanal nos lega uma história inacreditável, uma história de amor incondicional de Antônio Sapateiro por um tamanduá-mirim.


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Abandonado pela esposa.

Antônio Pires Assunção era um gaúcho casado com Graciolina, descrita como uma mulher forte e bonita. Durante um tempo o casal viveu em uma fazenda chamada Santana. Certo dia, a esposa o abandonou. Apesar de analfabeto, Sapateiro fez o seu desquite legalmente, fato raro na época. E foi viver na fazenda de Anacleto Rodrigues dos Reis. Por lá, plantou um grande pomar, além de roças de milho, dado aos porcos e ao gado. Depois de muito tempo, Sapateiro conseguiu comprar um belo naco de terra. Tornou-se proprietário de mais de 1.400 hectares.


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Um ermitão.

Viveu a maior parte de sua vida sozinho. Um verdadeiro ermitão. Só se interessava em cuidar de suas vaquinhas, porcos e galinhas. Como vivia sozinho, fez no braço, um buraco de dez por vinte metros, e dois de profundidade. Esse laguinho servia para tudo. Tinha uma rampa para o gado beber, os porcos tomavam banho, lavava sua roupa e apanhava água para sua parca higiene. Sapateiro era meio sugismundo.


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Um tamanduá na cama.

Sapateiro criava seu animais como se fossem seus próprios filhos. Viviam todos juntos. Eram poucos e cabiam no mesmo rancho. Certa época, Sapateiro fez algo inusitado, criou um filhote de tamanduá-mirim que passou a dormir com ele na cama. Certa feita, recebeu alguns vizinhos com uma porca assada. Como faltou talheres, lavou os usados e secou-os na beira da própria cueca. Tempos depois, faleceu no hospital em Aquidauana.

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