O mercado enfrenta os petistas, mas teme Lula
Lula condenado pela turma gaúcha. A notícia causou euforia no Índice Bovespa. Recorde histórico. O risco país caiu. As ações de firmas brasileiras dispararam. Até mesmo as da Petrobras decolaram. Se os coxinhas não fizeram barulho, o mercado enfrentou de peito aberto os poucos petistas que acorreram a Porto Alegre para o comício pró candidatura de Lula. O que aconteceu na capital dos gaúchos foi apenas um comício morno, não houve qualquer manifestação que almejasse conquistar sequer um voto dos três juízes em favor do barbudo mais famoso do país. Os petistas não perceberam ou não tiveram força para colocar as massas na rua e assegurar algum futuro para seu "mito". A história mostrará que foram fracos. Só um enorme milagre possibilitará uma candidatura lulista. O medo de um incêndio no país está dissipando. Só resta a eles a eterna lei da compensação brasileira: Lula solto, mas sem dinheiro e sem candidatura. Já foi assim em Porto Alegre quando o Ministério Público não pediu a prisão imediata do chefe petista. Em troca, os juízes aumentaram uma quimérica pena de 9 anos para 12 anos. Com a quase certeza do revisionismo do STF, quando voltarão atrás nas prisões após decisões de segunda instância, Lula estará livre da cadeia. O quadro está montado. O STF só votará para voltar atrás em sua decisão. Mas, se os mortadelas não ajudaram Lula em Porto Alegre, os coxinhas do avião também estão atrapalhando. Gilmar Mendes é adversário histórico de Lula no STF e vem sendo "ovocionado" pelos anti-Lula. Estão jogando o cuiabano nos braços do petismo.
Apesar da vitória, o mercado ainda teme os ventos petistas. Segundo a Eurasia, uma grande consultoria dos EUA, a decisão do TRF-4 ainda não enterra a candidatura de Lula. No entanto, a consultoria reduziu as chances da disputa do petista. Antes do TRF-4, a Eurasia falava em uma probabilidade de 30% a 40% de Lula concorrer à presidência e, agora, passou a estimar em 30%. A Gradual Investimentos, outra consultoria de peso, vai no mesmo caminho da Eurasia, diz que o mercado respirou aliviado com a decisão de Porto Alegre, mas que há ainda muitas incertezas. Já a Terra Investimentos, esnoba a decisão dos gaúchos, afirma que o fluxo de capital já vinha aumentando desde a segunda quinzena de dezembro. Em suma, os petistas mostraram fragilidade, mas o mercado ainda teme Lula.
Como as sociedades escolhem o fracasso ou o sucesso.
O que é mais assustador do que o espectro do colapso de uma civilização - os restos dos templos abandonados de Angkor Wat, no Cambodja ou as cidades maias tomadas pela selva? Há ainda, a vigília sombria das estátuas da Ilha da Páscoa e o soterramento pela lama do Vale do Rio Doce mineiro. As imagens dessas ruínas sugerem a pergunta: Será que isso também não pode acontecer conosco. Em uma escala continental, como é o território brasileiro.
O "mapa rodoviário" do fracasso.
O "mapa" do fracasso aponta para uma população que pode não ser capaz de prever um problema antes que ele surja de fato. Segundo, quando um problema surge, a população pode não conseguir identificá-lo. Então, após percebê-lo, pode nem mesmo tentar resolvê-lo. Finalmente, pode tentar resolvê-lo e não ser bem-sucedido. Os dois primeiro caminhos, ou melhor, "descaminhos", é o caso brasileiro de mais de dez anos. A população não conseguiu prever o problema que estava criando com as sucessivas vitórias que concedeu para os petistas. E após perceber, não desejou identificá-lo. A nossa população perseverou no erro. Olhando para nossa breve história é impossível entender como colocaram a Dilma e o Mantega no poder... e repetiram a dose do veneno. Apenas pelo poder de convencimento do Lula? É muito pouco para explicar o fracasso da população.
O caso das raposas e coelhos.
A primeira vez que se atentaram para uma população que não sabe prever um problema foi na Austrália. No século XIX, os colonos ingleses introduziram raposas e coelhos na Austrália. Foram introduções trágicas, mas não foram intencionais. As raposas atacaram e exterminaram muitas espécies de mamíferos nativos, ao passo que os coelhos consumiram quase toda a forragem destinada a alimentar ovelhas e bois. Não permitiram o segundo passo no mapa rodoviário do fracasso. Caso similar ocorre no Brasil, onde os sulistas introduziram javalis. Que continuam correndo livres, pesados e soltos pelas plantações de milho. Estamos percorrendo os demais passos para o caminho do fracasso... O mesmo se deu com as sucessivas reeleições dos petistas. Não conseguimos diagnosticar o problema. Quando o fazemos, não tentamos resolvê-los e, por último, raramente somos bem sucedidos nas grandes tarefas para não trilhar o mapa rodoviário do fracasso. Tendemos a pegar atalhos, caminhos mais curtos. A solução que estava dada era destituir todo mundo de todos os poderes eleitos. Convocar uma Assembleia Nacional Constituinte e jogar no lixo esse malfadado mapa rodoviário do fracasso... e da intolerância.