O negócio do sexo comanda a política em Dourados
Duvido que um campo-grandense consiga dizer quem venceu as eleições para prefeito em Dourados. Mantemos um certo ar de indiferença dos destinos escolhidos pelos douradenses, há muito tempo. Se não sabem que Marçal, candidato dos tucanos, será o próximo prefeito da segunda maior cidade do MS, muitos da capital estão acompanhando a trajetória da dona de bordel que teve a maior votação para vereador em Dourados. É uma notícia inusitada. Ninguém conhece uma prostituta ou cafetina que tenha sequer concorrido às eleições no MS.
“De zona eu entendo”.
Isa Marcondes, esse o nome da dona de bordel douradense, pautou sua campanha com um petardo contra a atual administração municipal. Afirmava que estava “uma zona”, e desse local de trabalho, ela entende. Obteve sucesso. Muito além do que alguém pudesse imaginar.
Cafetinagem é legal no Brasil?
O negócio do sexo, desde a Antiguidade, é altamente controverso. Quando inicia, está ligado a templos sagrados. Na Idade Média, torna-se ainda mais polêmico. Existiram momentos em que, a prostituição e cafetinagem eram proibidos e, outros tantos, em que eram promovidos abertamente, até pela igreja. No Brasil, as mulheres que mais sofreram com a exploração da prostituição, foram as escravas. Após a abolição, trouxeram dezenas de polacas judias, através de uma rede internacional, para serem exploradas. Desde essa época, as controvérsias nunca mais desapareceram. Neste momento, a prostituição é livre no país, mas a cafetinagem é crime. Mas, quem se importa? Sem hipocrisia, eu também não me preocupo. Só coloco muitos óbices quanto à má fama de nosso Estado. Somos amplamente desconhecidos. Dos poucos que sabem de nossa existência, conhecem apenas o “caminho das drogas e das armas contrabandeados”. De terra do contrabando, passamos a ser filhos das moças que vendem o corpo, como cuiabanos estão nos chamando?
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