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Em Pauta

O salário do gerente é um tabu no Brasil

Mário Sérgio Lorenzetto | 03/01/2016 10:45
O salário do gerente é um tabu no Brasil

O salário do gerente é um tabu no Brasil.

Não divulgar o salário é uma questão cultural, mas está sendo indevidamente perpetuada no país. Há poucos meses a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos aprovou uma lei que exige que empresas que estão na Bolsa de Valores divulguem informações sobre o quanto seus gerentes ganham em comparação com a média dos salários dos funcionários. Essa medida gerou muita polêmica e enfrentou forte resistência, mas valerá a partir de 2017. Seus defensores argumentaram que a nova prática é uma reação pós-crise e tem um viés social, pois age como uma forma de diminuir a desigualdade.
É claro que no Brasil não há uma lei como essa. Nosso parlamento não se preocupa com debate algum que não seja seu próprio poder. Os especialistas afirmam que a remuneração média dos gerentes brasileiros gira entre R$100 mil e R$200 mil por mês. Encarar o tema com transparência é fundamental para que a remuneração pare de ser tratada como um assunto proibido nos corredores das empresas. Você de fato está sendo pago pelo que vale? Pelo que entrega? Abordar o tema é tão fundamental quanto o debate do reajuste salarial. A falta de transparência do salário dos gerentes é um dos mais expressivos ingredientes para a corrosão e falta de engajamento dos funcionários.

O salário do gerente é um tabu no Brasil

Como estarão os salários em 2016?

Há dois estudos realizados recentemente sobre as perspectivas salariais no próximo ano: o relatório Focus do Banco Central e o realizado pela consultoria Robert Half. São complementares. O relatório do Banco Central antevê uma estabilidade salarial no país. Os ajustes de remuneração girarão no máximo em torno de 10%, recuperando as perdas decorrentes da inflação. Embora não seja um ano de ganhos expressivos para o assalariado (e para a quase totalidade dos empregadores), algumas raras áreas estarão em condições de ofertar melhorias salariais que quebrem a fronteira da inflação. Conforme a consultoria Half, os engenheiros de aplicação e vendas, bem como seus colegas que trabalham com energia renovável, os diretores comerciais e de recursos humanos estarão no topo da melhoria salarial.

O salário do gerente é um tabu no Brasil

Começa a faltar mercadorias nas lojas.

As consultorias Nielsen e NeoGrid acabam de fechar uma pesquisa que revela um "índice de ruptura" de 12,6% em novembro. Esse índice mede a falta de produtos nas prateleiras e gôndolas. Isso significa que, para cada R$100 que uma loja ou supermercado vendeu, outros R$12,6 deixaram de ser vendidos por falta de mercadoria. É o índice mais alto desde dezembro do ano passado. As consultorias calculam que de agosto a outubro, as lojas reduziram a variedade de itens em 3,8%. No caso dos supermercados, que possuem de 30 mil a 70 mil itens, a redução média foi de 1.200 produtos. As lojas e supermercados decidiram dar preferência somente aos itens alto giro, de fácil vendagem, deixando de lado itens que levam mais tempo para ser vendidos para não terminar o ano com estoques elevados. As consultorias salientam que não há perspectiva de melhora nos próximos meses.

O salário do gerente é um tabu no Brasil

A marchinha do japonês e a continuidade da crise econômica são as únicas certezas para 2016.

Os manifestantes contra Dilma e a favor de Dilma, não deram o rumo da política para 2016. Continuaremos a abrir os jornais e nos depararmos com as rasteiras costumeiras no Congresso. Talvez por isso, nenhum grito de ordem pró ou contra o impeachment parece competir com o previsível sucesso da marchinha do Newton Ishii, o agente onipresente da Polícia Federal. O ano que não começou, pode acabar depois do carnaval. Teremos um fevereiro com cara de dezembro?

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