Pandemia: usamos as mesmas armas do século XIX
As principais medidas para conter o coronavírus são as mesmas que usavam há mais de 100 anos. Ao contrário do que possam pensar, não há razão para deixar de usá-las. Na virada do século XIX para o XX, uma mutação do vírus influenza matou aproximadamente 50 milhões de pessoas no mundo. Essa doença ficou conhecida como gripe espanhola. Apesar do nome, surgiu em um acampamento militar nos Estados Unidos no Estado do Kansas.
As ondas de contágio.
Houve três ondas de contágio. A segunda foi a mais mortal. Muitos cientistas acreditam que também teremos pelo menos duas ondas de coronavírus, mas ao contrário da espanhola, a próxima talvez será mais fraca.
A medicina do século passado não sabia o que causava a doença. A tecnologia da época não permitia que os microscópios enxergassem um vírus. Usava-se a aspirina para combater alguns sintomas, mas o exagero no uso da medicação mostrou-se nocivo.
Sintomas e medidas tomadas.
Os sintomas da espanhola eram de uma gripe comum: febre, tosse, coriza, dor de cabeça e dor no corpo. Os locais que adotaram o isolamento social, indicado pela maioria dos médicos, passaram pela espanhola com efeitos reduzidos. Logo, começaram a seguir os indivíduos contactados por quem estivesse infectado. Tal como hoje, a medida foi pouco adotada pela dificuldade de arrumar médicos e enfermeiros que fizessem esse trabalho de detetive. Até mesmo as tiras para diagnosticar a enfermidade não é nova, vem da época da espanhola. Somente o sequenciamento genético do vírus é novo.
Um tiroteio na beira da piscina.
Diziam que o isolamento era como um tiroteio na beira da piscina (ou de um rio). Quando ouve o som das balas, se atira no fundo da piscina. Pode se salvar, mas se as balas te seguem por muito tempo, terá de sair da água para respirar, para trabalhar. O debate do tempo de isolamento social e quarentena pertence à gripe espanhola, estão apenas repetindo como papagaios.
Os desdobramentos da espanhola.
Se a história pode ensinar alguma coisa (e repetir-se), a saída da espanhola levou ao mundo uma vertente econômica denominada "keynesianismo", que dá poderes para os governos cobrarem altos impostos e cuidarem efetivamente da saúde, da educação e da segurança do povo. Paralelamente, o mundo viu surgir uma forte onda nacionalista. A solidariedade vigorou por algum tempo.