Querida, enviei as crianças pelo correio. A confiança no serviço
Pela primeira vez, todos os brasileiros acompanharam a apuração das eleições norte-americanas. Foi como uma Copa do Mundo de futebol. Mas todos unidos em duas emoções e não em só uma. A torcida pró Biden e a que desfraldava a bandeira de Trump. Mas as dificuldades para entender as várias legislações e organizações eleitorais fizeram o brasileiro sofrer....e pesquisar a novidade. A primeira surpresa para muitos, foi perceber que a eleição nos EUA é indireta. Um colégio eleitoral é quem escolhe o presidente. A outra surpresa, é escolher um candidato pelos correios. E essa possibilidade de votar pelos correios tornou-se o cerne da nova disputa para escolha do presidente. Trump está contestando a lisura do voto pelos correios. Está colocando em xeque um dos serviços mais respeitados pelos norte-americanos.
De grande arma da independência ao primeiro acordo.
Uma das principais armas dos norte-americanos que se revoltaram - e fizeram guerra - contra os ingleses foi a organização de um eficiente sistema de comunicações. Montaram entrepostos de troca de cavalos para os emissários das ordens de batalhas, que permitiu aos rebelados sempre estar à frente nos campos de batalha. Venceram e expulsaram os ingleses do território norte-americano. Esse sistema de troca de informações passou a ser denominado de correios e nasceu com a marca do heroísmo. Os "carteiros" eram heróis. Tão importante que foi parar no primeiro artigo da Constituição.
Usam os correios para tudo, até para enviar crianças.
Quem cuida dos correios nos EUA é a UPS (Serviço Postal dos EUA), que emprega 500 mil pessoas. E faturou mais de US$71 bilhões. Usam os correios para tudo. Principalmente para entrega de cheques. Mas, no passado, chegaram a entregar crianças.
Querida, enviei as crianças.
Em janeiro de 1913, os correios dos EUA criou um novo sistema, passava a aceitar encomendas mais pesadas. Antes desse novo serviço só aceitavam encomendas com menos de 1,8 quilos. Poucas semanas após a criação do novo serviço, um casal de Ohio chamado Jesse e Mathilda Beagle, enviou o filho James, de apenas 8 meses, até a casa de sua avó, a poucos quilômetros de distância. Pagou apenas quinze centavos (4 dólares, em valores atualizados). Os pais inclusive colocaram o bebê no seguro, caso os correios o perdessem. Se isso acontecesse, receberiam 50 dólares (um mil e trezentos hoje em dia). Há mais detalhes. O menino foi "selado" no casaco. Foi taxada como carga animal, cobraram o mesmo preço do envio de um frango.
Não é negligência e sim confiança nos correios.
É difícil de aceitar, mas os historiadores - norte-americanos, é óbvio -, não entendem que o caso do menino James (e de outras sete crianças) não é um caso de negligência paterna. Para eles, só mostra o quanto a população dos EUA dependia - e ainda depende - de seu serviço postal e como confiam nele. A ponto, até, de mandar um bebê pelo correio.