Servir uns aos outros. O lava-pés ainda tem sentido?
Ainda que não seja um sacramento, como o batismo, o lava-pés é uma das mais fortes e duradouras simbologias guardada pelo cristianismo. Esse foi um momento épico - e pouco conhecido - em que Jesus quis dar a seus discípulos o exemplo figurado de servir uns aos outros, como também, de assumir uns dos papéis mais desprezíveis daquela época, desde que fosse a favor da edificação dos outros.
A origem do lava-pés.
A origem dessa prática, acreditam os teólogos, está nos costumes referentes à hospitalidade das civilizações antigas, especialmente naquelas onde a sandália - um calçado aberto - era usual. O anfitrião, ao receber um hóspede, providenciava uma vasilha com água e um escravo para lavar-lhe os pés. Era comum o anfitrião se curvar ao receber o hóspede, beijá-lo e então oferecia o escravo para lavar os pés. Uma das primeiras narrativas dessa cerimônia está em Timóteo, na Bíblia, como sinal de piedade, submissão ou humildade. A prática, todavia, só se tornará comum no século VIII.
Hospitalidade e humildade, valores desaparecidos no Brasil.
Ao longo do século passado, o Brasil viu, gradativamente, desaparecer dois de seus mais caros valores: a hospitalidade e a humildade. E vem piorando, como se possível fosse, o esgarçamento da sua musculatura social. O individualismo e o egoísmo foram erigidos no altar das residências. Lembrem-se da importância simbólica deste dia.
