Tiro pra lá, bala pra cá: o mapa dos homicídios na Capital
Há mais de uma década venho defendendo a tese de que Campo Grande é uma cidade pacífica…. desde sua fundação pela família de José Antônio Pereira. Não há surtos, nem mesmo um intervalo de tempo de violência e matança nesta cidade. A violência mora e comanda as fronteiras. Mas, “cidade pacifica” não é sinônimo da inexistência de homicídios. Eles ocorrem, e ganharam uma fotografia bem clara, realizada pelos estudos acadêmicos de Maria Cristina Nachiff. Essa é uma pesquisa que deveria ter assento irremovível nas secretarias de segurança e saúde. A doutora trata os homicídios como uma questão de saúde pública.
Não são pretos, são pardos.
Espantem-se, quem comete homicídios e são deles vítimas, não são pretos, como em outras cidades. Exatamente 60% dos disparos mortais são realizados por pessoas pardas. Destruindo o velho conceito de que os pretos matam, as pessoas que tem essa cor da pele, são os que menos cometem homicídios - apenas 2%. Muitas vezes menor que os homicídios cometidos por brancos - 34%. Isso significa que aquele policial que trabalha nas ruas, não tem muito a se preocupar com os negros.
É claro, são jovens e analfabetos funcionais.
É possível afirmar que idoso não mata em C.Grande - só 2% dos homicídios são por eles cometidos. Já a faixa entre entre 16 a 25 anos contempla um estrondo: 45% dos homicídios. Quanto à escolaridade, nada menos de 74% dos disparos mortais são realizados por analfabetos funcionais, aquelas pessoas que não conseguem entender nem sequer uma linha deste texto. Tiro é igual a jovem analfabeto.Também é igual a emprego de baixo rendimento, como, por exemplo, na construção civil: 61%.
É bala pra todo lado.
Maria Cristina Nachif desenhou um mapa dos homicídios em C.Grande. Ao contrário do que reza o pensamento comum, os homicídios são praticados em todas as regiões da cidade. Fica claro que pensar que ocorram apenas nas periferias é preconceito, banalidade de quem não estuda a criminalidade.
São solteiros e amasiados.
Raramente um homem casado baleará outro, essa é outra conclusão chocante que aparece nos estudos da Nachif. Somando os dois estados civis - solteiros e amasiados - chega ao estarrecedor percentual de 74% dos homicídios. A pesquisa da doutora Nachif deveria ser repetida pelo menos anualmente.
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros
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