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Em Pauta

Um país com 8 milhões de km² tem de importar arroz e feijão

Mário Sérgio Lorenzetto | 08/02/2021 06:29
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É uma retumbante e trágica ironia, o Brasil com seus mais de 8 milhões de quilômetros quadrados tem de importar arroz e feijão. A economia pensada pelos ultra-liberais nos brindaram com esse colosso: a alta irrecuperável (?) dos preços dos alimentos. Arroz, feijão, leite, carnes, óleo de soja....a cesta básica explodiu. Sentida, muito sentida, no bolso da população menos abastada. Além de ser coagida a eliminar alguns produtos da cesta básica, essa onda altista produziu a indesejável pressão inflacionária.


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Onde mora a desvalorização cambial.

O ponto comum da alta dos preços mora na desvalorização de nossa moeda. Com o dólar mais caro, o produtor de soja, de carnes e de milho, prefere vender para o mercado externo do que prover o mercado local. Louco seria se assim não o fizesse. Essa é uma "obrigação" criada em Brasília. A razão disso é simples de entender: cômoda soja, carnes e milho são vendidos em moeda estrangeira, o produtor embolsa R$ 5 e mais alguns centavos por cada dólar de produto vendido. Se não vendesse para o exterior, colocasse seus produtos somente dentro do Brasil, receberia tão somente R$ 1. Só pelo fato de vender para o exterior, embolsou R$ 4 e alguns centavos a mais.


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Adiós consumo.

Mas alguém tem de pagar por esse movimento financeiro. Quem paga é o consumo, isto é, o consumidor e o supermercado. A primeira evidência é o empobrecimento alimentar. Não é só a pandemia que está retirando alimentação da mesa da população, o movimento cambial também é diretamente responsável pela subnutrição ou fome. Estão comendo farinha com açúcar. O dia inteiro. É o que lhes resta...por enquanto. Não demora para o açúcar sair desse prato.


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Os aumentos, segundo o IBGE.

De acordo com dados do IBGE, o preço do arroz foi acrescido em quase 20%. O do feijão preto em 29% e o do carioca em 12,12%. Já o óleo de soja, aumentou em 18,63%. As carnes sumiram do prato dos mais pobres. O leite está tomando o mesmo rumo.


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A velha "anarquia da produção".

Um dos temas recorrentes dos economistas nos dois séculos passados era a denominada "anarquia da produção". Bem simples. Se a soja está explodindo nos mercados internacionais, o que pode motivar um fazendeiro plantar arroz, que lhe dá ganhos bem menores no mercado nacional? A resposta é a anarquia que está acontecendo no país. Ele deixa de plantar arroz e vai cultivar soja. Esse é o funcionamento da economia ultra liberal. Obriga um país com uma área agricultável descomunal, a importar arroz. Não há estoque de arroz e feijão na Conab, a única saída para a mesa do pessoal que está comendo farinha com açúcar.
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