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Em Pauta

Vacinar, um longo caminho cheio de obstáculos

Mário Sérgio Lorenzetto | 01/02/2021 06:33
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade
Em um mundo profundamente desigual, a distribuição de alguma vacina da covid segue um padrão muito semelhante ao da distribuição da riqueza. O um bilhão de pessoas que vivem em países ricos compraram quase 5 bilhões de vacinas. Já os 3,5 bilhões que vivem em países de médias ou baixa riqueza, como o Brasil, conseguiram tão somente 713 milhões de doses. Deve ser acrescida nessa conta dos pobres, 1,1 bilhão da iniciativa Covax. Ainda assim, para cada cidadão de um país rico, foram compradas 3,4 doses. Para os pobres, há, no máximo, uma injeção para cada duas pessoas. O quadro é fúnebre. Boa parte da população mundial não será imunizada em 2021.


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Os russos estão invadindo a América Latina.

Se fosse na época da Guerra Fria seria um escândalo. O fato é que a vacina russa está ocupando a maior parte da América Latina. Em nossa região, há 600.000 mortes por covid. É uma região que enfrenta a falta de vacinas de uma forma muito desigual. Há atrasos, tensões políticas, falta de planejamento e um problema estrutural: a debilidade da saúde pública, sempre com recursos insuficientes. Não se equivoquem, a América Latina é um imenso Brasil. Pobreza e bagunça. O fármaco russo vem assentando suas bases na Argentina e no México. A vacina da Pfizer serviu tão somente para as fotos iniciais. Tal como no Brasil, esses dois países compraram grande lotes da vacina AstraZeneca. E foram além, estabeleceram acordos para produzir 250 milhões de doses a serem distribuídas a países vizinhos. Nada foi cumprido pelos fabricantes dessa vacina. A Colômbia não iniciou a vacinação. Na Venezuela, o mandatário Nicolás Maduro anunciou o descobrimento de uma mentira. As "gotas milagrosas" que vem sendo entregues à população tem o mesmo efeito da cloroquina no Brasil: nenhum. Paraguai e Bolívia aguardam a vacina russa, assim como quase todos os demais países latinos.


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Na África só 30% será vacinado em 2021.

Segundo cálculos da OMS, a imunidade de rebanho na África terá de esperar dois ou três anos. Apenas um pequeno punhado de países começou suas campanhas: Marrocos, Argélia,, Seicheles e Ilhas Maurício. Os gigantes do continente, África do Sul e Nigéria, começarão a vacinar nos próximos dias. A maior parte dos países só começará a vacinar em meados de março. As vacinas prometidas são a russa, a chinesa Sinopharm e a hindú Covishield.


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O Japão será o último país rico a começar a vacinação.

Só no final de fevereiro o Japão começará a vacinar seus cidadãos. O atraso se deve à exigência de que as vacinas ocidentais demonstrem eficácia igual quando inoculada em japoneses. A Coreia do Sul adotou posição semelhante. As vacinas adquiriras pelos dois ricos países são a da Pfizer, Moderna e da AstraZeneca. O Japão produzirá 90 milhões da AstraZeneca em seu território. A China vacinará 50 milhões de pessoas até o dia 12 de fevereiro, seu Ano Novo de muitas festas e viagens. Suas duas vacinas - Sinovac e Sinopharm - são as mais vendidas, depois da russa, para os países de médio e baixo ingresso. Todos aguardando passar o Ano Novo chinês para receber remessas expressivas de doses.


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Quem apostou nas vacinas chinesas começou a vacinar no Oriente Médio.

Três dos quatro países com melhor ritmo de vacinação estão no Oriente Médio. Israel vacinou mais da metade de sua população com a da Pfizer. Emirados Árabes é o segundo país do mundo em vacinação, adotou a chinesa Sinopharm. Seu vizinho Barein ocupa a quarta posição mundial de vacinados, também com a Sinopharm. O resto das monarquias da região, que optaram pela Pfizer, não viram nem um frasco sequer. Estão, às pressas, negociando com russos e chineses. O Irã é mais uma vítima do extremismo. O líder supremo proibiu adquirir vacinas ocidentais. Seu nacionalismo conduziu a um beco sem saída. Optou produzir uma vacina própria e quebrou a cara. É outro que negocia às pressas com os russos e chineses.
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