Vai começar a festa da derrota petista e a tristeza da vitória tucana
Vai começar a festa da derrota petista...
Não é uma frase de efeito. A festa da derrota existiu durante longo tempo na indústria farmacêutica. A Eli Lilly, uma das maiores do setor, costumava fazer as "festas do fracasso" para homenagear os pesquisadores de tratamentos promissores que não deram certo nos testes. Posteriormente, a companhia percebeu que essa era uma psicologia motivacional fraca e errônea. Acostumados a aprender com a experimentação, seus cientistas não gostavam de ver seus melhores esforços serem exibidos como fracassos.
E assim também age o mundo político. O PT anunciou que fará na próxima semana sua plenária da derrota. A derrota cria o isolamento e a tentativa de recuperação das forças que estavam alocadas em um lado do poder interno desse partido. Para fácil entendimento: o grupo comandado por Zeca do PT discursará em prol dos militantes como se fossem ungidos por uma força sobrenatural, talvez pensem nos homens e mulheres perfeitos, como os únicos capazes de conduzir ao paraíso na terra; já para o grupo comandado por Delcídio, caberá as explicações do inexplicável. Terá de começar o enredo contando como montou uma chapa para perder votos e não para ganhar.
... e a tristeza da vitória tucana
Para o lado dos tucanos, também há a promessa que começará o governo de transição na próxima semana. É o período de muitas tristezas para os vitoriosos, a época em que muitos sonhos se desvanecerão com os cargos e poderes que não serão concedidos. O período de transição é aparentemente muito simples: os que saem estão sequiosos por dar informações, detalhes e números e os que entram estão preocupados com a absorção do rápido aprendizado. Ledo engano. Esta é a parte pública da transição. Esse período é constituído por intensas articulações visando retirar proeminências dos que estão à frente na corrida para os principais cargos e estabelecer uma nova correlação de forças para os que estão atrás na corrida rumo ao poder. No final, restarão mais tristezas
que alegrias, pois não existem tantos cargos para abastecer a quantidade de pretendentes. As chagas abertas só terão chances de serem devidamente medicadas no correr dos tempos de governo, caso obtenha sucesso.
Um caminhão atropela o Aquário do Pantanal
Justiça lenta com juízes estafados
Pode parecer paradoxal, mas uma das causas da estafa de juízes e servidores da Justiça é o excesso de trabalho ocasionado pelo processo eletrônico instalado nesse poder. A imposição de metas e a informatização no Judiciário têm gerado problemas na saúde física e mental dos profissionais. Os juízes estão trabalhando, em média, mais de nove horas por dia e, mesmo assim, não conseguem dar conta do volume de processos, de acordo com o Censo do Poder Judiciário realizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Por esse estudo, 45% dos magistrados vão dormir depois da meia-noite e quase 18% se levantam antes das 5 horas da manhã por causa do trabalho. E mais, 64% trabalham nas férias e 70% nos finais de semana.
O excesso de jornada, segundo a pesquisa, tem desencadeado problemas de saúde na categoria: 33% dos juízes do trabalho ouvidos estiveram de licença médica no último ano, 41% alegam ter diagnóstico médico de depressão e 17% dos magistrados trabalhistas faziam uso de medicamentos para depressão e ansiedade. Com base nisso, os juízes devem pleitear uma espécie de "flexibilização" das metas para o ano que vem, que leve em consideração a preservação da saúde. A Justiça não pode ser morosa, mas juiz "estressado" é inadmissível.
Surfando nas ondas do petróleo
Williston, pequena cidade do Estado de Dakota do Norte, perdia população há dez anos. Hoje, chegam emigrantes de todo o país e os apartamentos têm o mesmo valor de Manhattan, em Nova York. Há uma década, os jovens abandonavam Williston, cidadezinha de 12 mil habitantes, em uma das regiões mais inóspitas dos Estados Unidos. Hoje, é uma cidade com mais de 40 mil habitantes e que construiu até uma piscina com ondas de surf em um centro cívico que custou US$ 76 milhões.
Williston é a capital do "boom energético". Fica longe de tudo, mais de 3 mil quilômetros do Atlântico e 1,8 mil quilômetros do Pacífico. A sequência da "boomtown", palavra que nos Estados Unidos designa a corrida do ouro nos anos 1800, mais uma vez se repete: o descobrimento de novas reservas, o magnetismo de um lugar onde sobra o dinheiro, as tensões que causam as dezenas de milhares de novos moradores, a imensa maioria de homens, sozinhos, em terra desconhecida, com um passado para ser esquecido.
Quando o país vivia uma das piores recessões da história, Dakota do Norte descobriu a saída na solução de sempre: o "drill, baby, drill" (perfura, baby, perfura). A taxa de desemprego está em 2,8% e o crescimento em 9,7%, níveis de dragões asiáticos ou estados impulsionados pelos petrodólares. As mulheres que chegam à cidade também promovem um "boom", um "baby boom": nascem 60 crianças por mês, contra 60 crianças por ano, na época que não estavam retirando petróleo.
“Fracking” e pecuária do MS têm mesmo legado ambiental
A causa de toda essa transformação é o "fracking", um tipo de perfuração do solo que vem preocupando especialistas e ecologistas do mundo todo. Mas cujas drásticas consequências ambientais são esquecidas por todos em nome da fortuna imediata e fácil. O petróleo obtido pelo "fracking" é o motor que impulsiona a recuperação da economia dos Estados Unidos: cria emprego, barateia a fatura energética da indústria e ajuda a reduzir o preço da gasolina.
Os Estados Unidos nervoso, país que não deixa de mover-se e buscar oportunidades, cresce dopado pelo ouro negro do mal afamado "fracking" e Williston é o seu novo paraíso. Assim os Estados Unidos superaram a Arábia Saudita e a Rússia como primeiro produtor de petróleo e gás natural e se aproxima da autonomia energética. Dakota do Norte está produzindo 1 milhão de barris diariamente, número que situa esse Estado na primeira divisão mundial da concorrência petrolífera. Mas, a que preço futuro? A fatura chegará brevemente com as terras destruídas, desérticas e quase irrecuperáveis. Alguma semelhança com as terras da pecuária extensiva do Mato Grosso do Sul?
Sabão ecológico gera inclusão social
Negócios sociais já vêm sendo fundados em todos os cantos do Brasil. O Sudeste é o campeão com 40% dos negócios sociais existentes no país, enquanto o Centro Oeste é o lanterna com apenas 4%. Um negócio social, mais do que a maquiagem politicamente correta, é uma nova mentalidade empresarial que está em ascensão. Disposta a participar de soluções inovadoras para problemas socioambientais de maneira eficaz, eficiente, sustentável e que crie valor para a sociedade como um todo. É uma das principais alternativas dadas pelo capitalismo para a busca de soluções de problemas que existem pelo mundo todo. Quem entendeu bem essa ideia foi a Prefeitura de Garanhuns, no interior de Pernambuco que fundou uma fábrica de sabão ecológico - Du Vale - para resgate e inclusão das comunidades menos favorecidas da região. A fábrica encontra-se na comunidade do Vale do Mundaú que serviu de inspiração para a marca: Sabão Du Vale.
Fábrica de sabão aproveita resto de óleo de soja
Os principais parceiros da empreitada de produzir sabão a partir de óleo de cozinha reciclado - o óleo de cozinha é um tormento para canos de esgoto e para coletores de lixo - são 29 restaurantes, o Sesc local e a multinacional Unilever. Mas, quando se faz um trabalho visando a promoção social, ambiental e econômica ao mesmo tempo, o beneficiário é a sociedade como um todo. Embora a fábrica de sabão seja um típico caso de negócio social e ela gere receita, a unidade fabril ainda depende do apoio financeiro da Prefeitura. Ainda há muitos pontos de negócios a serem melhorados. Mas é um excelente exemplo de trabalho social a ser desenvolvido por qualquer prefeitura ou governo estadual. Só bordadinho, crochezinho e micro artesanato não dá. O negócio social pode libertar.