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Manoel Afonso

Políticos: após o poder temem o anonimato

Manoel Afonso | 12/05/2023 08:21

PESQUISAS: Tidas como pimentas do ‘tira gosto’ da feijoada eleitoral. Elas rendem comentários na mídia, influenciam a opinião pública, dão asas à imaginação, fomentam sonhos. O Instituto Ranking está publicando uma amostra interessante sobre o cenário eleitoral de Campo Grande. Tal como o horóscopo - vale dar uma conferida.

PREVIDENTE: Para o deputado Pedro Pedrossian Neto (PSD) é preciso que a PEC 132 seja votada antes que o STF julgue a ação do ‘Marco Temporal’ no dia 7 de junho. A lacuna na Constituição permite que após demarcada a terra, os produtores sejam retirados dela sem indenização. Aí virá o estrago com conflito inevitável entre índios e produtores.

FAZ SENTIDO: Pedrossian lembra que cabe à Câmara Federal produzir uma solução legislativa - a intermediação entre as partes (produtores e índios), evitando que o STF faça o arbitramento de consequências dolorosas.  Aliás, o deputado federal Rodolfo Nogueira (PL) promete continuar a luta na Câmara pela solução com a indenização justa para os produtores.

NAS URNAS: Quase sempre o olhar do eleitor tem o caráter meramente paroquial. As questões nacionais vistas como irrelevantes, são apenas referenciais. O eleitor pensando na sua cidade como um todo, preocupado no seu bem estar e olhando para o horizonte. A questão ideológica perde terreno para a pessoalidade dos protagonistas.

‘SAPIÊNCIA’: Oposição – sobre ela Getúlio Vargas tinha uma sacada pragmática: “é mais fácil ser oposição do que situação; trabalha-se melhor com o imaginário ingênuo das pessoas”. No que diz respeito ao embate eleitoral e suas consequências ele assim definia: “não é a oposição que vence, é a situação que perde”.

EFEITO DORIL: O cacife eleitoral muda como as nuvens. De uma eleição para a seguinte pode ocorrer surpresa em forma de desastre. Tal como uma planta é preciso cultivar o eleitorado. Um exemplo: Em 2006 Antônio Cruz obteve 39.643 votos para a Câmara Federal e em 2012 não se elegeu vereador da capital: apenas 4.912 votos.

SOLIDÃO: Para o laureado escritor Gabriel Garcia Marques: “a fama é capaz de fabricar a maior, a mais pavorosa das solidões. Esta solidão da fama só é comparável a solidão do poder. O poder absoluto é a realização mais alta e completa do ser humano. E por isso, resume, ao mesmo tempo, toda a sua grande e toda sua miséria.”

‘DAY AFTER’: Preparar-se para o ostracismo após a fama ou poder não é fácil. Com o dinamismo atual o descarte é rápido, a memória curtíssima. O anonimato após o sucesso afeta políticos, autoridades, artistas e esportistas.  Poucos tem o equilíbrio para tocar a vida sem ranço e desejo de volta. Portanto, aproveitem enquanto podem!

VOLÁTIL: Em todos os níveis o desempenho nas urnas está atrelado a vários fatores. Com o advento das redes sociais é possível destruir imagem e reputação e construir lideranças como num passe de mágica. Exemplos: Camila Jara (PT)  - 56.552 votos; Marcos Pollon (PL) - 103.111 votos e Rafael Tavares (PRTB) - 18.224 votos

QUESTÕES: Até onde as eleições de 2022 influenciarão no pleito de 2024? Os grandes eleitores de ontem continuarão amanhã de bola cheia? Esquemas estruturais e força dos partidos vão superar eventuais prestígios pessoais de candidatos? No fundo há muita especulação e ‘fake news’ com o propósito de apenas criar bolhas.

VEJAMOS:  Bolsonaro (PL) obteve na capital 313.906 votos (62,65%) e Lula (PT) 187.109 votos (37,35%) – Tereza Cristina 24.903 votos (52,56%) – Marcos Pollon (PL) (deputado federal) 38.410 votos e Lucas de Lima 16.566 (PDT) (dep. Estadual) – Riedel 267.393 (55,60%) e Contar (PRTB) 213.491 (44,40%).

CONTAR DE NOVO? Apenas o discurso ideológico de Contar bastaria para se eleger prefeito da capital? Mineiramente Pollon (mui amigo?) já ofereceu a candidatura para  Contar nesta semana. Na opinião pública ficou a marca negativa de Contar pela sua atuação no debate da TV Morena. E qual a estrutura partidária de campanha? Sei não...

OS NÚMEROS são referência e não se pode levá-los em conta como se fossem decisivos  para 2024. Transferir prestígio e votos é algo duvidoso e os exemplos estão aí. Bolsonaro, Lula, Riedel e Tereza terão esse poder? O que dizer então de Pollon e Lucas de Lima candidatos mais votados na capital? Alçarão voo mais alto com base nos votos de 2022? Depende do cenário, do discurso e da reação do eleitorado – é claro.

CONTINUANDO... Também não se pode esquecer de votos que acabaram perdidos. Caso de Luiz Henrique Mandetta com 92.401 votos e que enseja a pergunta: para onde esses votos irão? Quanto aos 107.210 votos de André Puccinelli (MDB) vale também questionar se ele tentará negociá-los politicamente ou vai usá-los como trampolim. Corre o risco de mergulhar na ‘piscina vazia’.

O CANDIDATO: O deputado federal Beto Pereira (PSDB) que obteve 16.444 votos na capital em 2022 é apresentado como o postulante do partido. Questionamentos naturais em relação a sua musculatura política para agregar apoios tem surgido. Há nas redes sociais a notícia de que o ex-governador Reinaldo Azambuja seria o candidato natural por várias razões.  Pelo sim, pelo não...

MANDETTA: Os 92.401 votos em 2022 não seria passaporte para futuras viagens eleitorais. Ainda magoado pela demissão, o ex-ministro da saúde malha Bolsonaro. As críticas afastam seus eleitores do ‘centrão’ (classe média) e não atrai os eleitores da esquerda -   embora  seu partido União Brasil seja coadjuvante do PT. Complicado.

A PROPÓSITO: A missão do jornalista não é apenas simplesmente escrever uma notícia. Vai além; fazendo a leitura do presente sem ignorar o passado, adicionando conhecimento dos personagens e as previsões possíveis. Esse conjunto de fatores ajuda a passar ao leitor a análise do que ocorre não só a céu aberto, como nos bastidores.

AINDA BEM! A Inglaterra tem apenas 168 sindicatos, a Dinamarca 164 e os ‘USA’ 130. No Brasil havia 16.293 mil sindicatos até 2022.  Mas sabe como é: companheiros querem a ‘volta dos bons tempos’: sinônimo de grana fácil. Felizmente mais da metade dos deputados federais são contra a volta da obrigatoriedade da contribuição. Aleluia!

FOLCLORE: Eleições 1982 – Zé Elias X Wilson Martins. Para ajudar seu candidato Pedrossian trouxe Rita Lee para inaugurar o Ginásio Guanandizão. Deu azar: ela acabou incentivando o clima em prol de Wilson - que teve o nome ovacionado pela plateia. Maior colégio eleitoral do MS, a capital decidiu em prol do candidato do MDB.

CONCORRÊNCIA: Em Campo Grande, Sidrolândia, Maracaju, Dourados e Ponta Porã – principalmente – cresce o número de usuários dos serviços cartoriais de São Paulo e Paraná para lavratura de escrituras de imóveis. A diferença com os valores cobrados aqui é enorme e vários ‘despachantes intermediários’ já anunciam seus préstimos na internet.

PILULAS DIGITAIS:

Se você não ficar rico ao lidar com políticos há algo errado em você. (Donald Trump)

A saudade não deseja ir para a frente. Ela quer voltar. (Rubem Alves)

O Brasil não tem povo, tem espectadores. (Lima Barreto)

Em Brasília a união faz a farsa. (jornalista Josias de Souza)

Poder. Nenhum desses governantes têm um itinerário. O que eles gostam mesmo é de ficar no volante. (Millôr)

Não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses. (Rubem Alves)

Somos carteiros: temos a missão de caprichar na entrega, evitar que a carta chegue molhada e, principalmente, gostar do que fazemos.” (Ronald Golias)

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