Jovem diz que sofreu preconceito duplo com família ao tentar entrar em shopping
Cabeleireiro foi impedido de entrar no estabelecimento acompanhado do marido e de três crianças
Cabeleireiro Rafael Lion, 27 anos, usou as redes sociais para reclamar do que considera duplo preconceito sofrido na noite do último domingo (4), ao ser impedido de entrar no Shopping Campo Grande, acompanhado do marido e três crianças.
O cabeleiro relata que toda a família foi ao shopping para fazer um passeio e ao entrarem no estabelecimento foram abordados por dois seguranças que barraram a entrada de todos na porta principal. Durante a abordagem a equipe questionou a presença das crianças com o casal, que só poderiam acessar o estabelecimento comercial acompanhadas de um responsável. Mesmo explicando que se tratava de seu irmão, um primo e um sobrinho, foram impedidos de entrar.
Rafael acredita ter sido vítima de preconceito social e homofobia, por se tratar de um casal homossexual e as crianças estarem com vestimentas “simples” e nenhum comportamento justificou ação dos seguranças.
“Foi um preconceito de classe social e disso não tenho a menor dúvida, pois tudo estava em conformidade com o determinado e mesmo assim fomos barrados. A homofobia começou a partir do momento que eu e meu marido nos identificamos como responsáveis pelas crianças e então questionaram o que as crianças eram nossas e até pediram documentos”, conta Rafael.
Além do constrangimento, o cabeleireiro lembra que se sentiu amedrontado pelos seguranças que formaram uma barreira para impedir eles entrassem no shopping. “Senti um medo também pois além do segurança que fazia os questionamentos um outro ficou bloqueando a passagem imaginando que a gente poderia correr para dentro do shopping com as crianças”.
O vídeo compartilhado pelo cabeleireiro teve grande repercussão e apoio nas redes sociais. Alguns seguidores relataram que frequentam o mesmo estabelecimento com familiares menores de idade e nunca foram impedidos de entrar ou tiveram de apresentar documento.
“Não tem outro nome é preconceito. Levo minhas sobrinhas de 8 e 9 anos sem a mãe sempre, nunca me pararam. Meu filho vive indo com os amigos sem nenhum responsável ninguém fala nada”.
Outra mãe, de 47 anos, diz que foi ao shopping no sábado, com as duas filhas de 27 e 15 anos e também não teve qualquer documentação cobrada. "Super entendo a medida do Shopping, mas tem de pedir para todo mundo ou para ninguém. Não dá para ser so no 'olho'. Regra é regra. Achei estranho mesmo não cobrarem nada. Pensei que já tivessem liberado tudo. O engraçado é que a minha filha mais nova não é nem um pouco parecida comigo, mesmo assim, não cobraram nada."
Em nota, a administradora do Shopping Campo Grande disse que repudia qualquer tipo de discriminação e preconceito e informou que, como medida de reforço no controle de aglomerações, permite a entrada de menores de 18 anos nos finais de semana e feriado somente com pais ou adultos responsáveis legais.
Apesas dos relatos de pessoas que dizem não ter os documentos exigidos, o shopping garante que 100% das pessoas que aparentavam ser menores de 18 anos foram abordadas em todas as portarias para apresentação de documento ou verificação da presença de responsável legal sem qualquer distinção ou ação de cunho direcionado e/ou discriminatório.
Sobre o caso ocorrido, a administradora se comprometeu a apurar o fato e informou que irá reforçar os treinamentos das equipes.