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Economia

Após subir 26% em 12 meses, preço da carne pode cair sem exportação para China

China suspendeu compra de carne bovina do Brasil, há cinco dias, o que pode diminuir preço da arroba do boi

Caroline Maldonado | 09/09/2021 13:37
Carne bovina à venda em mercado da Capital. (Foto: Paulo Francis/Arquivo)
Carne bovina à venda em mercado da Capital. (Foto: Paulo Francis/Arquivo)

O preço da carne, que aumentou 26% no último ano, na Capital, pode ter alguma queda com a suspensão das exportações para a China, que já dura cinco dias, em função dos casos de “vaca louca” confirmados no país.

O acumulado no preço foi divulgado hoje (9), pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e as projeções são do especialista em exportação, o economista Aldo Barrigosse.

É muito mais vantajoso para os produtores venderem para o mercado externo, por causa do dólar, que se mantém em alta, cotado hoje a R$ 5,28. A alta do dólar e o aumento de exportação de carnes, inclusive, foram responsáveis por um superávit de US$ 3 bilhões em Mato Grosso do Sul, em agosto. Esse é o montante que o Estado exportou a mais em relação ao que foi importado.

A China é a principal parceira internacional de Mato Grosso do Sul, comprando 49,9% de tudo que o Estado exporta. Com a suspensão de vendas de carne bovina para o país asiático, os impactos devem chegar nos preços da arroba do boi ao produtor, conforme Barrigosse.

“A redução do volume das exportações de carne ao mercado internacional, pode gerar um volume maior de carne no mercado doméstico, provocando uma possível redução nos preços locais. A redução das exportações poderá provocar uma redução nos abates bovinos aqui e também uma redução no preço pago pela arroba junto ao produtor pecuarista”, explica o economista Aldo Barrigosse.

Barrigosse lembra que sempre quando tem suspensão das vendas externas, há impacto nos preços, porque se reduz o abate, o animal fica no campo e diminui a procura de animais para abates. “Se diminui a procura por abate, a tendência é o preço cair por uma questão momentânea de suspensão das vendas externas”, comenta. O especialista lembra de casos anteriores em que a suspensão de vendas impactou nos preços.

Em 2017, a Rússia suspendeu a importação de carnes do Brasil, porque detectou ractopamina e outros hormônios de crescimento na carne brasileira, substâncias proibidas no país. Em 2020, a China já suspendeu compras de carnes de MS, em 2017, após os efeitos negativos da operação Carne Fraca da Polícia Federal, que apurou irregularidades pontuais em alguns frigoríficos do Paraná, Minas Gerais e Goiás.

No açougue - Ainda não tem sinal de queda nos preços no açougue, mas o proprietário do Mercado Fernandes, na Vila Margarida, Luís Fernandes, conta que o corte nas exportações para o país asiático gera expectativa.

“Os frigoríficos não apontaram nada sobre isso, mas imagino que se tiver queda no preço deve ser mínima e demora para chegar no consumidor final, pois eles seguram os preços”, comenta Luís, ao lembrar que os preços do frango foram impactados quando houve embargo semelhante.

Os impactos não devem ser grandes se a China retomar logo a compra, na projeção da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul).

“A Famasul segue acompanhando a condução do caso pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), confiante de que, o mais breve possível, as exportações à China serão retomadas, cumprindo os protocolos sanitários bilaterais entre os dois países, sem grandes efeitos no mercado de carne bovina do estado”, afirma a entidade.

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