Com dólar valorizado, preço da saca de soja sobe 41% e chega a R$ 73
O preço médio da saca de 60Kg de soja em grãos em Mato Grosso do Sul está cotado em R$ 73,65, com alta nominal de 41% em comparação com janeiro de 2015, quando o preço da saca era negociada a R$ 52,30, segundo informações da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de MS).
De acordo com o economista e analista de economia da federação, Luiz Gama, por se tratar de um período de safra, o normal seria uma desvalorização da saca. "Mas não é o que estamos observando, isso ocorre em função da demanda internacional aquecida e real desvalorizado", avalia.
Para o produtor de soja da região de Maracaju e Guia Lopes da Laguna, Roberto de Oliveira Silva Junior, o cenário é otimista, mas é preciso ficar cauteloso com a produção desta safra. "Estamos próximo da colheita que deve começar em 10 de fevereiro, porém, precisamos que a chuva pare um pouco, pois a soja deteriora muito rápido, mas estamos otimista porque não estamos com a produção atrasada", alega.
Cerca de 40% da soja já foi vendida antecipadamente e na região existem vários armazéns novos. "É provável que se tenha bons lucros nesta safra se o preço da saca se mantiver neste patamar, pois o valor dos insumos aumentou, como exemplo o adubo, que é o principal para poder cultivar a soja", explica.
Segundo o produtor de Chapadão do Sul, Nelson Luiz Pedó, apesar do preço da saca em alta, por causa do dólar valorizado, a margem está apertada devido a valorização dos insumos. "Em 2015, o custo era de 42 sacas de soja por hectare, essa safra é de 50 sacas por hectare, ou seja, mesmo com o dólar alto, os insumos também subiram, não dando muita margem para o produtor", afirma.
O produtor de Laguna Carapã, Mauri Zorzo está investindo em silo bag nesta safra, que é a armazenagem dentro da propriedade, por receio de perder muitos grãos por causa da chuva. "No município as chuvas estão constantes desde novembro e já tive perda de 30% pois a planta não desenvolveu, agora eu investi alto em silo bolsa, pois não sei se vai parar de chover", comenta.
Zorzo explica que está preocupado com o excesso de chuvas e o início da colheita deve começar até o dia 8 de fevereiro. "Precisamos torcer para as chuvas pararem antes da colheita, porque chuva, colheita e soja não combinam e não podemos ver a soja se perder na lavoura sem colher", informa.
Safra boa para os produtores - Para o economista da Famasul, é difícil saber se a safra será rentável aos produtores. "É difícil chegar a essa conclusão no momento, porque temos movimentos conflitantes. O primeiro deles é o câmbio, a desvalorização do real ajuda o produtor no momento da comercialização, já que o produto brasileiro se torna mais competitivo no mercado internacional, mas num segundo momento o dólar apreciado encarece a compra dos insumos de produção. Então se o produtor conseguir comprar os insumos num dólar menor do que o dólar no momento da comercialização ele com certeza terá ganhos", revela..
Enquanto isso no cenário internacional as cotações da soja são as menores dos últimos anos o que acaba por limitar os ganhos tanto em dólar quanto em reais, portanto esse será mais um ponto de atenção do produtor em 2016, ficar de olho nos movimentos internacionais das commodities.
Exportações - Em 2015, o Estado exportou 3,4 milhões de toneladas de soja em grãos, alta de 41,8% em relação a 2014 e recorde histórico, as receitas chegaram a U$ 1,3 bilhão FOB, alta de 8,1% em relação a 2014.
Segundo Gama, para 2016, a expectativa é de que as exportações se mantenham em patamares elevados, porém, é preciso observar algumas condições. "Como o dólar alto, demanda internacional aquecida e produtividade das lavouras. As duas primeiras condições parecem encaminhadas, já a produtividade talvez possa ser afetada em função do excesso de chuvas em algumas regiões e dificuldades no escoamento na produção já que muitas pontes caíram e varias estradas estão intransitáveis", alega.