Com folga de R$ 664 milhões, MS arrecada mais em meio à crise
Mato Grosso do Sul é um dos únicos seis estados do País que não registraram perdas em relação ao ano passado
Mato Grosso do Sul está na seleta lista dos únicos seis estados do País que não registraram perdas de arrecadação este ano, em relação a 2019, segundo painel federal de monitoramento do suporte aos entes durante a pandemia de novo coronavírus. Também integram a relação Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia e Roraima.
O painel mede a suficiência dos estados diante das medidas emergenciais para enfrentar a emergência em Saúde, como recomposição de perdas dos Fundos de Participação de Estados e Municípios (FPE e FPM); transferências do pacote de socorro de R$ 60 bilhões; e suspensão das dívidas dos estados com União e instituições financeiras públicas.
Os auxílios já geraram fôlego de R$ 368,7 milhões para Mato Grosso do Sul. Sem deficit na arrecadação, a suficiência do suporte federal é medida em 115%.
Apesar da desaceleração econômica, o Estado recolhe mais em tributos em 2020 do que no ano passado. Conforme boletim de arrecadação do Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária), o salto, de janeiro a julho deste ano, é de R$ 664 milhões em relação a igual período de 2019.
Em sete meses, R$ 7,402 bilhões entraram nos cofres do governo sul-mato-grossense, majoritariamente em ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores). O crescimento em relação ao ano passado é de 9,8%.
A melhora vai na contramão da média nacional, de -11,5% de arrecadação em sete meses. Estados mais industrializados, como Rio de Janeiro (-6,8%), São Paulo (-5,6%) e Minas Gerais (-4,5%), sofrem mais com a crise causada pela pandemia.
Onde o agronegócio predomina, como Mato Grosso do Sul e o vizinho, Mato Grosso (+14,9%), os cofres têm ido melhor, como sustentou o titular da Semagro (Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), Jaime Verruck, ao site do governo estadual.
Uma das coisas que permitiu ao governo do Estado sustentar a arrecadação foi a dinâmica do setor exportador, tanto que crescemos em relação ao ano passado, com um ótimo desempenho da soja, com a retomada do açúcar, que é um produto que se recuperou”, disse.
Com safra recorde de soja este ano, perto das 11 milhões de toneladas colhidas, o grão domina a pauta comercial de Mato Grosso do Sul com o exterior, com participação de 37%.
De janeiro a julho, US$ 1,3 bilhão foi movimentado no Estado só com a exportação de soja, à frente até da celulose (US$ 1 bilhão), segundo dados reunidos pela Semagro com base em informações da Secex/MDIC (Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior).
O salto na venda açúcar para fora, de 178% em relação a 2019, se deve também a um ajuste do setor sucroalcooleiro, que aumentou a produção em detrimento da redução no destilamento de etanol - em baixa no mercado.
Ainda, Mato Grosso do Sul já negociou com o exterior este ano US$ 427,8 milhões em carne bovina; US$ 246,1 milhões em óleos vegetais e animais; US$ 150,3 milhões em carne de aves; e US$ 30 milhões em milho em grão.
A perspectiva para o restante do ano também é positiva. Lançado em junho, o maior Plano Safra da história reserva R$ 8,6 bilhões em crédito para financiamento à produção de pequenos, médios e grandes agropecuaristas sul-mato-grossenses em 2020/2021.