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Economia

Covid suspende abates em dois frigoríficos de MS, mas o risco pode vir de fora

Indústrias ampliam medidas de segurança mas ideia é elevar segurança em caminhões de entrega de carne

Rosana Siqueira | 13/05/2020 15:54
Trabalho em frigoríficos é considerado essencial para manter abastecimento (Arquivo)
Trabalho em frigoríficos é considerado essencial para manter abastecimento (Arquivo)

Pelo menos dois frigoríficos de Mato Grosso do Sul um em Guia Lopes da Laguna e um em Bonito foram foco de transmissão do covid-19 entre os funcionários e colocaram os pequenos municípios em alerta de pandemia. Diante deste cenário e pelo fato de ser considerado essencial a economia, o segmento que tem 30 mil trabalhadores está com medidas ainda mais restritivas para evitar a contaminação de seus colaboradores.

E o medo não é mais a contaminação interna, dentro da indústria. Ela vem de fora, e pode se agravar principalmente do vai e vem de caminhões que buscam e entregam a carne nos açougues das cidades, assim como dos motoristas e lombadores de carne que estão na linha de frente para levar o alimento de dentro da fábrica até os pontos de venda.

O único frigorífico da cidade de Bonito, no Mato Grosso do Sul, foi interditado no sábado (9) por 7 dias após duas funcionárias de um mesmo setor serem diagnosticadas com Covid-19.  De acordo com informações da assessoria de imprensa da Prefeitura da cidade, a decisão da interrupção das atividades da planta partiu da Vigilância Sanitária.

A Prefeitura informou que uma das funcionárias contaminadas é esposa de um trabalhador de outro frigorífico, em Guia Lopes da Laguna, que suspendeu suas atividades na sexta-feira (8) por 15 dias também por casos de coronavírus entre os colaboradores.

Segundo o presidente da Associação de Matadouros, Frigoríficos e Distribuidores de Carnes do Estado (Assocarnes), Sérgio Capucci, que também presidente do Sindicarnes o alerta diante dos casos em Bonito e Guia Lopes e de que as indústrias tenham cuidados ainda maior.

“O Sindicato não intervém nas unidades,  mas a orientação é cada vez mais criar condições de segurança. Cumprir todas as determinações e protocolos de higiene e detectar onde são os possíveis pontos de contaminação entre as pessoas. A recomendação é apertar cada vez mais estes protocolos”, frisou Capucci.

Ele destacou que uma grande preocupação do setor neste momento não é mais dentro da indústria, mas sim fora. “A entrega de carne nos caminhões e o trajeto até os supermercados preocupa. Dentro das indústrias, no trajeto dos funcionários nos ônibus tudo está sendo adotado em segurança. Mas o temor agora é com os motoristas e lombadores que fazem a entrega na cidade, nas regiões. Eles geralmente trabalham dentro do frigorifico e moram na cidade. Então a instrução é que cada vem mais se diminua o fluxo de entrega. Além disso estamos criando protocolos para todos os lombadores e motoristas que fazem entrega nos supermercados. Eles devem ter roupa adequada sanitizante, equipamentos como máscaras, viseiras como se fosse trabalhadores da saúde. Para que não tragam a doença para dentro da indústria”, esclareceu Capucci.

Manual - Para dar mais segurança ao setor, os Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), da Economia (ME) e da Saúde divulgaram, em conjunto, na segunda-feira manual com recomendações para frigoríficos em razão da pandemia do coronavírus (Covid-19). As orientações abordam como prevenir o contágio do vírus nos ambientes de trabalho e, assim, manter a normalidade do abastecimento alimentar, a manutenção dos empregos e da atividade econômica.

O documento do Mapa traz mais de 70 medidas divididas em: caráter geral, práticas de boa higiene e conduta, cuidados nas refeições e no vestiário, sobre as comissões internas de prevenção de acidentes, transporte de trabalhadores fornecido pelo empregador, máscaras de proteção facial, trabalhadores pertencentes ao grupo de risco, suspensão de exigências administrativas em segurança e saúde no trabalho,  procedimentos de contingência e retomada das atividades de setores ou do estabelecimento.

Entre as medidas recomendadas, estão a identificação e afastamento de trabalhadores com suspeita ou com a confirmação da doença, distanciamento de dois metros entre cada funcionário na linha de produção, entrada no estabelecimento somente com máscara de proteção facial, proibição do compartilhamento de copos, pratos e talheres não higienizados, bem como qualquer outro utensílio de cozinha, evitar a aglomeração de trabalhadores na entrada e saída do estabelecimento, entre outras.

“São procedimentos tecnicamente corretos para serem seguidos e respeitados pelos frigoríficos para garantir que as atividades sejam executadas com segurança”, afirma o secretário de Defesa Agropecuária, José Guilherme Leal.

Especificamente em relação às exigências de Segurança e Saúde no Trabalho, ressalta-se que as medidas adotadas não significam qualquer supressão ou autorização para o descumprimento das Normas Regulamentadoras de Segurança e Saúde no Trabalho.

Frigoíriocs reúnem número elevado de pessoas em ambientes fechados (Arquivo)
Frigoíriocs reúnem número elevado de pessoas em ambientes fechados (Arquivo)

Evitar o caos - O Brasil quer evitar o que ocorreu nos Estados Unidos, onde o coronavírus provocou a interrupção de funcionamento ou a redução de atividades de três dezenas de frigoríficos.

Lá os preços dos animais caíram no campo, os abates diminuíram e houve uma redução na oferta de carne no varejo. O resultado foi uma intensa elevação de preços.

Pedro de Camargo Neto, produtor rural e pecuarista, diz que as condições brasileiras, pelo menos na pecuária, são bem diferentes das dos americanos.

Há um número maior de unidades frigoríficas no Brasil, elas são menores e estão espalhadas pelo país. Além disso, elas estão com capacidade ociosa. Ele não acredita que o país chegue ao caos vivido pelos americanos.


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