Escalada nos preços dos combustíveis faz procura por kit gás disparar na Capital
Alteração irregular acarreta em infração grave e multa, além de veículo retido
Com os frequentes reajustes nos preços dos combustíveis, motoristas campo-grandenses tem buscado no GNV (Gás Natural Veicular) uma alternativa para amenizar o peso do transporte no orçamento.
De uma semana para cá, em postos da região central na Capital, o preço do litro da gasolina comum à vista apresentou aumento médio de 8,04% e de 17,02 no diesel, segundo pesquisa do Procon/MS, que visitou 27 estabelecimentos, após o ultimo reajuste feito pela Petrobras, em 11 de março.
Na oficina do Lemoel Junior, 43 anos, especializada em instalação de kit gás, o pátio está cheio de carros de clientes à procura de economia na hora de abastecer. Segundo ele, no período de um ano, o serviço triplicou, o que o obrigou a ampliar os negócios e contratar mais funcionários. "Desde o ano passado, os serviços vêm crescendo. Em abril, por exemplo, eu contava com dois funcionários, atualmente são seis."
Quem optar por esse combustível, o valor a ser investido dependerá da quantidade de armazenamento instalada, conforme o comerciante. Os preços dos cilindros vão de R$ 4 mil, para capacidade de 7,5 m³ (metros cúbicos) até R$ 10 mil, que comporta 32 m³. Sobre os impactos aos veículos que rodam com gás, ele afirma que a manutenção, constatada pela experiência de 20 anos no ramo, é mínima. “Posso dizer que o veículo que utiliza o GNV tem o desgaste natural no sistema de ignição, como cabos, velas e bobinas. Já em relação ao motor, não há prejuízos, pois seu funcionamento é a seco”.
Proprietário de um Fiat Línea, o mecânico Eduardo Costa, 51 anos, é natural do Rio de Janeiro e afirma que utiliza o GNV há um bom tempo e que adquiriu o veículo atual já com o kit gás quando veio morar no Estado. Ele garante que, além da economia na bomba, os custos com manutenção reduzem pela metade em relação aos outros combustíveis. “Com ele neste sistema, faço manutenção uma vez por ano, já se estivesse rodando com gasolina seriam no mínimo duas.”
Em seu caso, a economia ao abastecer com gás é de quase 50% em comparação com gasolina. “Com gasolina, o carro tem um consumo médio de sete quilômetros por litro, já com o GNV, dependendo do tipo de trajeto, chega a render treze quilômetros com um metro cúbico.”
O profissional explica que, pelo cenário de preços, o investimento é compensador a médio prazo, mas que poderia ser ainda mais vantajoso caso MS tivesse incentivo com redução de valor no IPVA (Imposto Sobre Propriedade de Veículo Automotores), como ocorrem em outros estados. “Temos outros estados que incentivam o cidadão a utilizar o GNV, porque é menos poluente.”
O técnico em sistemas de segurança, João Lino Moreira, 26 anos, há seis meses, adquiriu um kit gás com capacidade para 17 m³ para sua caminhonete Hyundai Tucson, originalmente a gasolina. No entanto, recebeu boa oferta pelo veículo e resolveu vendê-lo, mas o futuro dono não quis adquirir com o valor adicionando kit gás devido ao espaço que ocupa na parte interna. Eles combinaram de retirar o equipamento e no momento da reportagem, Lino disse que já havia negociado o kit e retomado quase todo o investimento de R$ 4,6 mil. “Já tenho uma oferta de R$ 4,5 mil pelo equipamento. Vale a pena.”
Cotação - Hoje, o preço médio do metro cúbico do gás é de R$ 4,49, segundo levantamento da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), enquanto o litro da gasolina sai por até R$ 7,09, na Capital.
Taxas e Cuidados – De acordo com o artigo 7º da Resolução 292/2008 do Contran (Conselho Nacional de Trânsito) é permitida a utilização do GNV como combustível em automóveis em que o proprietário solicite autorização do órgão de trânsito responsável para a realização da alteração de característica (inclusão do gás). Já em ciclomotores, motonetas, motocicletas e triciclos é proibido.
O proprietário deve procurar uma agência do Detran-MS para uma vistoria de identificação do veículo e emissão da autorização para realização da inclusão do sistema no veículo. O valor é de RS 183,54.
Com a autorização expedida, o proprietário procura uma oficina de sua confiança para a instalação do sistema no veículo, que posteriormente passa pela inspeção de segurança veicular para emissão do Certificado de Segurança Veicular (CSV) para averiguar as condições de instalação e segurança do sistema.
Os componentes do sistema (cilindros, válvulas, mangueiras e outros) também devem possuir certificação de conformidade técnica e estar em prazo de validade útil. Lemoel Junior explica que os recipientes têm data de validade de 20 anos.
A regularização da documentação se dá com a apresentação do veículo ao Detran para vistoria final e apresentação do certificado e documentos pessoais do proprietário, no valor de RS 492,42.
O número do certificado deverá constar no campo de observações do CLA (Certificado de Licenciamento Anual), assim como a informação do combustível GNV no campo específico. Para o licenciamento anual do veículo que utiliza GNV, será exigido novo Certificado de Segurança Veicular - CSV, ou seja, todo ano deverá ser realizada inspeção para verificação da segurança do sistema.
“O proprietário que realizar a alteração sem autorização, será penalizado conforme Art. 230, infração grave e multa, podendo ainda ter o veículo retido para regularização caso seja flagrado em circulação”, informou o Detran-MS, via assessoria.