Expedição percorre rota que encurta distâncias para exportações de MS
Os 4.440 quilômetros, que serão percorridos a partir desta sexta-feira (24), por representantes do governo e do setor produtivo de Mato Grosso do Sul, poderão, em cinco anos, encurtar as relações sociopolíticas e econômicas entre o Brasil, Paraguai, Argentina e Chile. Este é o prazo estimado para o término das obras relativas ao Corredor Bioceânico Rodoviário, que ligará Campo Grande ao Porto de Antofagasta, no Chile. O Campo Grande News participa da expedição.
De acordo com o titular da Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), Jaime Verruck, as ações operacionais podem demandar aproximadamente três anos e a execução de parte das obras, outros dois. Se essa projeção se concretizar, em cinco anos, o agronegócio sul-mato-grossense terá na saída para o Pacífico alternativa competitiva para o escoamento da produção.
A concretização do projeto não depende apenas de Mato Grosso do Sul e do Brasil. O Paraguai, a Argentina e o Chile também terão de fazer investimentos. O secretário enfatiza que a maior parte dos desembolsos será do governo paraguaio.
O Paraguai está em processo de licitação para a pavimentação de 300 quilômetros de rodovias, o que vai integrar a região Norte, conhecida como “Chaco”, ao restante desse país.
Além disso, de acordo com Verruck, o Paraguai também arcará com metade dos custos de ponte que ligará as cidades de Porto Murtinho e Carmelo Peralta, do outro lado da fronteira.
No caso de Brasil, o investimento necessário é de R$ 54 milhões apenas para a construção da ponte. O dispêndio, de acordo com o secretário, será federal. O Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) já está viabilizando esse recurso. Mato Grosso do Sul também terá de investir. Segundo Verruck, será preciso construir rodovia com 23 quilômetros no Estado.
O Chile, por sua vez, terá de investir em seus portos, adaptando-os para a exportação de grãos. Já a Argentina deverá fazer investimentos no âmbito do chamado Plano Belgrano, que prevê desembolsos totais com infraestrutura na ordem de US$ 15 bilhões.
Vantagens – Verruck enumera três retornos importantes ao Brasil – de modo especial, a Mato Grosso do Sul – e demais países, que integram o projeto.
A primeira vantagem é econômica e diz respeito à alternativa competitiva no escoamento da produção agrícola, via portos do Chile. As mercadorias seguirão para o mercado asiático pelo Oceano Pacífico.
Para que haja, de fato, isso represente competitividade a rota precisará ser alfandegada, de acordo com o secretário. Não será viável se o caminhão com a carga tiver de parar em diversas alfândegas. “Lacra aqui [em Campo Grande] e só abre no Chile”, disse. As ações necessárias para a efetivação desse objetivo já estão sendo implementadas.
A nova opção de escoamento também desafogará as estradas brasileiras, que estão nas rotas para os portos de Paranaguá (PR) e Santos (SP).
O segundo retorno é a intensificação do comércio regional. O corredor será usado não apenas para escoamento de produtos destinados ao mercado internacional. Regiões dos diferentes países poderão também realizar trocas comerciais, utilizando essas estradas.
Por fim, também haverá fomento do setor turístico. O secretário afirma que o turista poderá, por exemplo, visitar o Pantanal, Bonito, o Chaco paraguaio, o norte da Argentina e o deserto do Atacama (na região norte do Chile).
Na viagem, que tem início às 7h desta sexta-feira, om 30 caminhonetes Amarok e cerca de 90 pessoas, entre empresários, transportadores, produtores rurais e jornalistas, sairão de Campo Grande com destino à cidade chilena de Antofogasta. O retorno está previsto para o dia 3 de setembro.
A expedição sai do Brasil a partir de Porto Murtinho. Depois, segue pelas cidades de Carmelo Peralta, Loma Plata, Mariscal Estigarribia e Assunção, no Paraguai, Tartagal, Salta, San Salvador de Jujuy, na Argentina, San Pedro do Atacama, Iquique, Mejillones, Calama e Antofogasta, no Chile.
Estão previstas, na agenda, várias mesas de negócios com autoridades locais para discutir a viabilidade da rota bioceânica.