JBS reabre diante de situação de incertezas no mercado, diz Acrisul
A reabertura da JBS após dez dias de paralisação decretados pela própria empresa ocorre em um cenário de incertezas, segundo avaliação do presidente da Acrisul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Jonathan Barbosa. Isso porque, segundo ele, alguns produtores podem ter receio de fazer negócio com a companhia.
“Porque a venda é a prazo. Você veja, em uma situação em que o JBS teve dificuldades, qual o produtor que vai entregar seu produto, que é o único que ele tem para fazer dinheiro, nessa situação?”, disse ao Campo Grande News.
Além disso, segundo ele, a empresa não estava tendo respaldo da rede bancária para a NPR (Nota Promissória Rural), uma garantia dos criadores de que eles não ficariam sem receber. “Nem com juros o banco estava querendo descontar NPR da JBS, então para o pecuarista, é muito risco”.
Barbosa estima que leve de cinco a seis dias para que o mercado responda ao retorno das atividades da rede de frigoríficos. As unidades que haviam sido fechadas começaram a operar nesta terça-feira (24), mas como todo o gado que estava nos currais foi abatido, eles iniciaram a compra de novos animais e as atividades devem efetivamente voltar à tona quando os carregamentos chegarem.
“No momento em que essa escala for fechada, já começam os abates. Nós estimamos entre quinta e sexta-feira. Vamos acompanhar para ver como a situação vai se apresentar. Não podemos arriscar prognósticos, mas estamos torcendo”, afirma o presidente da Acrisul.
Em contrapartida, a favor da rede de frigoríficos, conforme Barbosa, está o próprio movimento de mercado e a necessidade dos pecuaristas. “Muita gente tem conta para pagar. Tem que preparar a folha de 13º salário. Tem que pagar muita coisa. Se não vende boi não faz caixa. Primeiro tem que ter preço e segundo tem que receber. Senão o negócio dá para trás”.
Prejuízos – A paralisação da JBS afetou o setor na medida que sem comprar gado, os animais permanecem represados no campo, gerando custos e reduzindo os lucros quando os donos conseguem vendê-los.
“É uma roda. Você engorda, o gado fica pronto e tem que vender. Boi gordo não espera. Se ficou represado, é prejuízo. É duro segurar animal nessa época em que nem pasto está tendo, tem que ser no cocho. O gado não pode cair de peso”, diz Barbosa.
A alternativa encontrada pelos criadores foi fechar negócio com abatedouros de outros estados. “Estamos correndo atrás de outras opções e o JBS percebeu isso. Com a redução de alíquota vendemos muito gado para São Paulo e resolveu além das expectativas. Se o mercado interno não estiver bom, podemos voltar a vender para outros estados e até ao Paraguai, que quer comprar”.