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Economia

Mercado de trabalho de MS ainda é machista e racista, mas valoriza o diploma

Dados da pesquisa apontam que homens ganham 41% mais que mulheres e que os brancos recebem 50% mais que negros e pardos

Rosana Siqueira | 06/05/2020 14:56
Homens tem melhor salários no mercado de trabalho formal (Henrique Kawaminami)
Homens tem melhor salários no mercado de trabalho formal (Henrique Kawaminami)

O mercado de trabalho em Mato Grosso do Sul paga melhor os homens, brancos e com escolaridade superior. Estas são algumas das constatações da  Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - PNAD Contínua, divulgada hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O levantamento mostra que o salário do homem é 41% maior que das mulheres, a 2ª maior diferença do país, o rendimento dos brancos é quase 51% maior que o de negros e pardos, e a faculdade faz diferença sim no ganho do final do mês. Ou seja o abismo social ainda é gigante na remuneração da mão-de-obra sul-mato-grossense.

O ano de 2019 trouxe números de rendimentos diferentes para homens e mulheres. Enquanto o rendimento médio dos homens subiu de R$ 2485,00 para R$ 2646,00, o das mulheres recuou de R$ 1906,00 para R$ 1876,00. Ou seja, homens perceberam um aumento de 6,47% e mulheres, uma queda de 1,6%.

Os índices reforçam o abismo salarial que há muito existe entre os sexos. Desde 2013, MS carrega o estigma de um estado machista na hora de pagar os salários. Naquele ano e no seguinte (2014), os homens recebiam, em média, valores 54,44% e 52,81% superiores aos das mulheres. Naquele biênio, os dados fizeram com que o estado ficasse em primeiro lugar quando considerada esta discrepância.

Com a variação encontrada no período 2018- 2019, a variação entre os ganhos dos homens e mulheres atingiu novamente valores expressivos, com os primeiros recebendo 41,04% a mais que as últimas. Com isso, os dados de MS quebraram uma tendência de queda que vinha se firmando desde 2015, colocando o estado em 2º lugar em um ranking pelo qual não se pode comemorar.

Racismo - Outro ponto apontado na pesquisa é que o salário das pessoas brancas é mais de 50% maior que a de pretos e pardos. No Estado, o rendimento médio mensal real de todos os trabalhos das pessoas brancas (R$ 2.846) era 50,58% maior que os salários observados para as pessoas pardas (R$ 1.890) e 54,92% superior aos percebidos pelas pretas (R$ 1.837).

As pessoas de cor branca apresentaram rendimentos 23,0% superiores a média (R$ 2.313), enquanto as pardas e pretas receberam respectivamente, rendimentos 18,8% e 20,5% inferiores a essa média.

Instrução – O nível de instrução foi um indicador importante na determinação do rendimento médio mensal real de todos os trabalhos, apresentando uma relação positiva, ou seja: quanto maior o nível de instrução alcançado, maior o salário. Em Mato Grosso do Sul, as pessoas que não possuíam instrução apresentaram o menor salário médio (R$ 1.264,00), o que representa um acréscimo de 6,8% em relação a 2018 (R$ 1.183,00); e de 69% em relação a 2012 (R$ 748,00).

Seguindo a mesma tendência, o rendimento médio das pessoas com ensino fundamental completo ou equivalente foi de R$ 1.586,00, valor 4,2% maior em relação a 2018 (R$ 1.521,00); e de 44% comparado a 2012 (R$ 1.100,00). Ainda de acordo com a pesquisa, aqueles que possuíam ensino médio completo ou equivalente recebiam, em média, R$ 1.925 mensais.

Em 2018, a remuneração média para esse nível de instrução era de R$ 1.961,00; e de R$ 1.507,00, em 2012. Por fim, aqueles que tinham ensino superior completo registraram rendimento médio de R$ 4.546,00, o que representa quase duas vezes e meia o rendimento daqueles que tinham somente o ensino médio completo, três vezes o dos que tinham ensino fundamental e quase quatro vezes o daqueles sem instrução. O valor também é maior comparando-se aos recebidos em 2018 (R$ 4.532,00) e em 2012 (R$ 3.279,00).

A população mais jovem teve queda em 2019 do rendimento médio mensal real, a preços médios do último ano, das pessoas entre 14 a 17, 30 a 39 e 40 a 49 anos aumentou em 2018, porém com nova queda em 2019, enquanto nas faixas etárias de 18 a 29, 25 a 29 e 60 anos ou mais percorreram o caminho inverso (decaindo em 2018 e se recuperando em 2019). A única exceção é a faixa dos 50 a 59 anos de idade, que vem tendo sucessiva alta. Contudo, em relação a 2012, quando a estimativa era de R$ 2 180, houve crescimento de 6,1%.

Salários são melhores para os que tem formação superior (Arquivo)
Salários são melhores para os que tem formação superior (Arquivo)

Rendimento - Mato Grosso do Sul tinha em 2019, 68,2% de sua população com algum tipo de rendimento ou o equivalente a 1,7 milhões de pessoas. Isso coloca o Estado na 7º posição em rendimento médio das pessoas ocupadas.  O índice supera o percentual nacional que foi de (62,6%).

Na comparação com 2018, houve aumento de 2,2% no percentual de pessoas com rendimento na população residente. Já quanto aos sul-mato-grossenses que recebem rendimentos advindos de um ou mais trabalhos, estes são 46,7% da população. O número pode ser considerado estável perante 2018 (46,8%).

A pesquisa mostrou que no ano passado, 11,5% da população residente recebia aposentadoria ou pensão. Nas demais categorias, os percentuais foram de 6,2% (outros rendimentos, categoria que inclui seguro-desemprego, programas de transferência de renda do governo, rendimentos de poupança etc.); 3,1% (aluguel e arrendamento) e 3% (pensão alimentícia, doação ou mesada de não morador). Em relação a 2018, observou-se certa estabilidade na proporção de pessoas com estes rendimentos.

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