ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, TERÇA  05    CAMPO GRANDE 30º

Economia

Mesmo com cesta básica mais barata, consumidor continua insatisfeito

Liana Feitosa | 07/09/2014 10:26
Para a dona Ilza Ricaldi, de 70 anos, os produtos estão com preço mais acessível. (Foto: Marcelo Victor)
Para a dona Ilza Ricaldi, de 70 anos, os produtos estão com preço mais acessível. (Foto: Marcelo Victor)

O bolso do consumidor ganhou um pouco de descanso nos últimos tempos. Pelo menos é o que indicam três importantes índices econômicos divulgados na semana que passou. Em relação a agosto, o Dieese apontou uma queda de 1,80% no valor da cesta básica em Campo Grande e a Semac (Secretaria Estadual de Meio Ambiente, do Planejamento, da Ciência e Tecnologia) registrou um número ainda melhor: redução de 2,90% no valor.

Além desses números, o índice de inflação na Capital é estável e foi de 0,23% em agosto, de acordo com o IPC/CG (Índice de Preços ao Consumidor de Campo Grande). A análise é feita pelo NEPES (Núcleo de Pesquisas Econômicas), da Universidade Anhanguera-Uniderp.

Pessimismo - Apesar de positivos, os números não convencem o consumidor. Nas ruas, poucas pessoas demonstraram entusiasmo com os índices.

"Mas onde que os preços abaixaram?", dispara a aposentada Josinete Alves da Silva, nada satisfeita com as contas que tem para pagar. "Está caro demais viver aqui. O salário é muito baixo e é só aumentarem um pouco que o preço dos produtos aumentam também. Como sobreviver desse jeito?", desabafa. "O jeito é darem um bom aumento no salário mínimo ou congelarem o preço dos produtos, porque tá difícil. Não dá pra ficar gastando sem planejar, tem que apertar o cinto", completa.

A auxiliar em logística Elaine Ferreira também não está satisfeita. "As coisas do dia a dia, o básico, não estão baratas. O combustível até deu uma trégua, mas as coisas ainda não estão tranquilas e fáceis", diz.

A pensionista Ilza Ricaldi, de 70 anos, é uma das poucas pessoas que vê com bons olhos a economia atual. "Os produtos estão com preço mais acessível. O óleo, o açúcar, arroz, estão com preço mais em conta. E como eu moro sozinha, fica mais fácil se planejar, consigo controlar bem os meus gastos", conta.

Para especialista, inflação é positiva, mas tendência é de aumento. (Foto: Divulgação)
Para especialista, inflação é positiva, mas tendência é de aumento. (Foto: Divulgação)

Balanço - "Este ano foi atípico. Em janeiro, fevereiro e até março, tivemos inflação muito alta. Foi pago um preço acima do esperado principalmente nos produtos de hortifruti, como a batata e o tomate. Até o feijão estava muito caro, a maioria por causa das instabilidades do clima", explica Celso Correia de Souza, coordenador do NEPES.

O clima favoreceu a produção rural a partir de junho, o que barateou muitos produtos, mas a tendência é que a inflação suba daqui até o final do ano e que alguns produtos encareçam, como é o caso da carne. "A carne, por exemplo, está pesando no bolso do consumidor, principalmente agora que estamos na entressafra da carne. Além disso, estamos exportando mais, inclusive para a China e até Estados Unidos. Isso muda o panorama e o preço dela sobe", amplia Souza.

Para o pesquisador, o preço da carne não deve sofrer muita mudança. "A característica normal da época é mesmo que o preço dela suba, até mesmo por causa do clima de festas que se aproxima. As pessoas passam a gastar mais com carne com a proximidade do final de ano", conclui.

Motivos - "Outubro, novembro e dezembro são, tradicionalmente, meses de média inflacionária alta por causa do consumo normal mesmo. As coisas sobem, sim, mas muita coisa está baixando de preço. Se o consumidor está reclamando dos preços, acho que ele está errado ao ver dessa maneira", argumenta Souza.

Para o pesquisador, alguns motivos justificam o desânimo do consumidor campo-grandense. "Está mais difícil fazer empréstimo, se compararmos com as facilidades que eram oferecidas no ano passado, por exemplo. Além disso, os juros também estão mais altos, por isso, fica mais difícil conseguir saldar uma dívida até mesmo porque o consumidor não está conseguindo renegociar facilmente as dívidas, por isso ele está sentindo no bolso", finaliza.

Nos siga no Google Notícias