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Economia

“Olho no tempo” e inteligência artificial: dia a dia da fábrica que bate recorde

Eldorado exporta 95% da produção, que ruma de Três Lagoas para 45 países

Aline dos Santos | 14/12/2022 12:11
Fábrica da Eldorado Brasil Celulose, inaugurada há dez anos em Três Lagoas. (Foto: Divulgação)
Fábrica da Eldorado Brasil Celulose, inaugurada há dez anos em Três Lagoas. (Foto: Divulgação)

Inaugurada há uma década em solo sul-mato-grossense, a Eldorado Brasil Celulose, instalada em Três Lagoas, chegou à produção recorde de 16,5 milhões de toneladas em dez anos, numa rotina que inclui, literalmente, ficar de “olho no tempo”, inteligência artificial e mão de obra qualificada.

No projeto Floresta 5.0, a empresa monitora e combate incêndios em tempo real. Uma rede de 25 torres de monitoramento é responsável por gerar conectividade em campo, detectar focos de incêndio, pragas e doenças, além de capturar informações climáticas.

Câmeras de altíssima definição e alcance, que contam com algoritmos de reconhecimento, são capazes de encontrar fumaça a quilômetros de distância, o que aciona alerta de emergência e medidas de combate.

O sistema ainda reúne 28 estações meteorológicas espalhadas por todas as fazendas. Os equipamentos medem e informam, em tempo real, a previsão climática para os próximos 15 dias.

“O tempo para nós é fundamental. Na seca, tem perigo de incêndio e as estações meteorológicas trazem todos os dados técnicos das floretas”, afirma o diretor industrial da Eldorado Brasil, Carlos Monteiro.

A área total das florestas plantadas da Eldorado em MS ultrapassa 376 mil hectares, sendo 260 mil hectares de áreas dedicadas à produção de celulose e 116 mil hectares de conservação.

Já a inteligência artificial avança pela planta industrial desde 2015, assegurando menor consumo de água e químicos. “Não pretendemos substituir os operadores, mas as tecnologias inovadoras ajudam a complementar as atividades. Os operadores são os guardiões do sistema”, diz o diretor industrial.

Com os recursos tecnológicos, a empresa consegue prever revisões de maquinários e reduzir uso de matéria-prima e químicos, resultando em menos custo para a produção de cada tonelada de celulose.

Para alcançar ainda em 2022 a produção projetada para 2023, a fábrica vem operando 20% acima da capacidade. “Estamos sempre buscando aumentar a produção e diminuir os custos. Nossa eficiência gira em torno de 96%, um modelo para o setor, mas, desde o início de nossa operação, temos a determinação e o compromisso de superação e, ano após ano, evoluímos nossa capacidade produtiva. Hoje conseguimos esse feito inédito no Brasil e no mundo, graças ao nível de atuação dos profissionais da Eldorado”, diz Monteiro.

No quadro de recurso humanos, a empresa fez parceria com o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ), que capacitou a mão de obra. “A maior parte é aqui da região e as pessoas têm crescido na fábrica, com postos mais elevados”, diz o diretor.

A Eldorado fechou o terceiro trimestre de 2022 com receita recorde de R$ 2,3 bilhões e lucro líquido de R$ 1 bilhão. O preço médio da tonelada de celulose chegou a US$ 876 (R$ 4.669), aumento de 13% em comparação com o trimestre anterior.

Floresta plantada de eucalipto da Eldorado em Três Lagoas. (Foto: Divulgação)
Floresta plantada de eucalipto da Eldorado em Três Lagoas. (Foto: Divulgação)

De MS para o mundo – A Eldorado exporta 95% da produção, que ruma de Três Lagoas para 45 países. Os maiores mercados são China, Europa e Estados Unidos.

Nos locais de destino, a commoditie é transformada em diversos produtos, como papel de limpeza, higiênico e para escrita e impressão.

Nesta semana, a empresa lançou um novo portal na internet, com quatro idiomas, incluindo mandarim, se tonando a primeira do setor a ter um site todo na língua de seu maior cliente externo.

Vale da Celulose - Mato Grosso do Sul tem previsão de se consolidar nos próximos anos como Vale da Celulose, com aporte de R$ 50 bilhões em investimentos. O município de Três Lagoas, na divisa com São Paulo, tem plantas da Eldorado e Suzano.

Em Ribas do Rio Pardo, a 103 km de Campo Grande, está em fase de construção uma nova fábrica da Suzano, enquanto Inocência terá indústria da Arauco. Nos últimos dez anos, a base florestal de Mato Grosso do Sul saiu de 300 mil hectares plantados para 1,3 milhão de hectares.

“Tem mais gente chegando e há possibilidade de instalar novas indústrias aqui no Brasil em função do clima, produtividade e do eucalipto, além da expertise das fábricas já instaladas”, destaca Carlos Monteiro.

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