Prefeitura paralisa conselho e trava investimentos de 200 empresas
Mais de 200 empresários com projetos de investimentos em Campo Grande, vão ter que esperar o fim das eleições para obter uma resposta do Codecon (Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico). O órgão ligado a prefeitura é responsável por analisar os pedidos e conceder benefícios fiscais às empresas, mas não realiza reuniões desde abril.
As reuniões entre os conselheiros e empresários são essenciais para o andamento dos projetos. Porém, em abril a data foi adiada várias vezes e com a saída da então presidente do Codecon, Dharleng Campos, que também era titular da Sedesc (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico), que se afastou para disputar as eleições, não foram marcadas novas reuniões.
O prefeito e candidato à reeleição, Alcides Bernal (PP), justifica que as reuniões pararam após ele receber várias notificações com relação a projetos que estavam em tramitação e alguns já aprovados pelo Codecon, com problemas.
"Fizemos uma auditoria e constatamos que muitas empresas estavam trabalhando de forma ilícita. Algumas que receberam benefícios fiscais, deram o imóvel como garantia de financiamento para bancos, outras empresas receberam terrenos da prefeitura e abandonaram. Essa auditoria demandou tempo, por isso as reuniões do conselho pararam. Já identificamos essas empresas e enviamos a denúncia ao Ministério Público", alega.
Uma indústria que aguarda avaliação do Codecon é a Solar, grupo espanhol para produção de luminárias de Leds para vias públicas. Conforme Bernal, a previsão é de geração de mais de 200 empregos diretos além dos indiretos, com investimento de R$ 30 milhões.
Além dela, mais 187 empresas aguardam avaliação dos projetos entregues ao Codecon para se instalarem ou ampliarem as atividades. "Temos também mais 30 empresas que estão preparando documentos para apresentar o pedido do Prodes (Programa de Desenvolvimento Econômico e Social de Campo Grande) para que também sejam avaliadas pelo conselho", informa Bernal.
Segundo o prefeito, as reuniões do Codecon voltarão ao normal após as eleições. "Não temos nenhuma dificuldade de ceder áreas públicas para empresas que vão gerar emprego e renda para a nossa Capital, agora o que não posso fazer, é entregar essas áreas para empresa que vão sumir com o dinheiro e deixar o local penhorado".
Consequências – De acordo com o economista e presidente do Corecon (Conselho Regional de Economia de MS), Thales de Souza Campos, esses atrasos nas aprovações de projetos geram consequências para a Capital, já que há deficiência em empregos.
"O processo de desenvolvimento de uma cidade como Campo Grande depende das instalações de empresas, independente do setor, seja industrial ou comércio e concedendo benefício ou não, é preciso que o conselho analise a empresa que vai se instalar na cidade", afirma.
Ainda segundo o presidente, um setor parado impossibilita novos investimentos. "Não gerar empregos é algo dramático, mas fechar vagas de trabalho é drástico. O Codecon não deveria ser vinculado à política, pois o desenvolvimento da cidade depende de empresas que geram empregos. Esses empresários podem cansar de esperar e resolverem investir em outra cidade".