Previsto em pacote para fomentar economia, uso de FGTS requer cautela
Pacote de medidas para fomentar a economia anunciado nesta quinta-feira (15) pelo Governo Federal abre a possibilidade de o trabalhador usar parte do FGTS para quitar dívidas bancárias. Embora atrativo, o mecanismo pode esconder ciladas se não houver planejamento por parte da população, alerta o economista Márcio Coutinho, professor da Universidade Estácio de Sá.
Na avaliação do especialista, antes de usar o montante é preciso refletir qual efeito prático terá o investimento na vida financeira. “É vantagem desde que a pessoa consiga um belo desconto e saia do buraco. Não adianta pagar a conta com o FGTS e no mês seguinte estar no vermelho novamente. O principal é mensurar a capacidade de pagamento”, explica.
Dependendo da situação, Coutinho orienta procurar diretamente o banco para negociar os débitos, uma vez que o FGTS é uma segurança que o trabalhador tem para não ficar desamparado financeiramente em caso de demissão.
“Tem que fazer o orçamento, senão troca seis por meia dúzia e a pessoa usa um dinheiro que poderia usar lá para a frente”, orienta.
O pacote de medidas, conforme Coutinho, é a forma que o Governo Federal encontro para aquecer a economia, porque se as pessoas estão endividadas, não conseguem crédito por terem a renda comprometida, já que os nomes ficam negativados.
Se o problema afeta uma empresa, diz o economista, pode haver corte de funcionários, que também vai refletir na economia, pois reduz o poder de consumo pelo desemprego. “Eu penso que deva ser analisado caso a caso. O governo sabe que pode, de certa maneira, ajudar a economia. Resta ao consumidor que vai estar diante dessa situação, usá-la de maneira inteligente”
Também estão previstas novas normas para incentivar o cadastro positivo, ou seja, àqueles que conseguem pagar suas contas em dia. Os adimplentes, nesse caso, teriam mais facilidades para acessar créditos.
O Governo Federal também estuda mecanismos para simplificar o pagamento de tributos pelas pessoas jurídicas. A ideia é que as empresas possam pagar de forma unificada todos os impostos e contribuições.
Também estão sendo planejadas novas faixas para adesão ao programa Minha Casa, Minha Vida. Atualmente o teto do orçamento familiar para se ter acesso aos benefícios é de R$ 6,5 mil e deve ser ampliado.