UFMS tem disputa por orçamento de R$ 1 bilhão, maior que o de Corumbá
Três candidatos buscam a reitoria da maior universidade pública de Mato Grosso do Sul
A UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) tem orçamento de R$ 1 bilhão, maior do que o de Corumbá, em disputa a partir de 10 de maio, quando acadêmicos, servidores e professores votam na consulta para escolha do novo reitor ou reitora. O resultado da eleição, com votação 100% digital, deve ser publicado até o dia 11 de maio. Mas, não é o fim do processo eleitoral.
A lista tríplice, com a ordem de votação, será encaminhada para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 24 de maio. Caberá a ele fazer a nomeação, que precisa ser publicada até 25 de outubro, pois na data seguinte termina o mandato do reitor Marcelo Turine e da vice-reitora Camila Ítavo.
Agora, ela busca passar de vice para reitora da instituição. Candidata do atual reitor Marcelo Turine, Camila Celeste Brandão Ferreira Ítavo lidera a chapa 2, que tem Albert Schiaveto de Souza como vice-reitor.
A chapa 1 é formada pelos candidatos Ruy Alberto Caetano Corrêa Filho (reitor) e Luciana Contrera (vice-reitora). A chapa 3 é composta por Marco Aurélio Stefanes (reitor) e Ana Denise Ribeiro Mendonça Maldonado (vice-reitora).
Com mais de 33 mil alunos e 45 anos de história, a UFMS, se fosse uma cidade de MS, ficaria em 15º no ranking das mais populosas. Já o valor do orçamento da universidade, que desde 2023 ultrapassa R$ 1 bilhão, é o equivalente ao do município de Corumbá. Neste ano, a cidade, que tem a quarta maior população (96.268 moradores) do Estado, trabalha com orçamento de R$ 949.808.280,88.
Dinheiro – O valor exato do orçamento da UFMS em 2024 é de R$ 1.080.010.013,00. Do total, R$ 889.518.431,00 é com pessoal.
Já o custeio fica com R$ 173.854.277,00. Nesta subdivisão, R$ 62.377.473,00 são gastos com o funcionamento da instituição. Outros R$ 38.844.725,00 custeiam benefícios (como auxílio transporte, pré-escola, assistência médica). Assistência estudantil fica com R$ 19,3 milhões. Para o Reuni (programa de apoio à reestruturação), são R$ 10,3 milhões.
A previsão de investimentos em 2024 é de R$ 16.637.305,00. A maior parte do valor é decorrente de emendas parlamentares: R$ 11,4 milhões. A bancada repassou R$ 10 milhões, que se somaram a R$ 1 milhão de emenda do senador Nelson Trad Filho (PSD) e R$ 400 mil de emenda da deputada federal Camila Jara (PT).
Os políticos também enviaram recursos para custeio. São R$ 800 mil do deputado federal Vander Loubet (PT), R$ 500 mil da senadora Soraya Thronicke (Podemos) e R$ 450 mil de Camila Jara.
Novas obras e os velhos problemas – Na Cidade Universitária, na Avenida Costa e Silva, em Campo Grande, o ritmo é de obras, com várias frentes de trabalho e placas indicativas de novos investimentos. Contudo, no mesmo câmpus, se localizam velhos desafios. Como o estádio de futebol Pedro Pedrossian, o Morenão, que desde maio de 2021 não recebe um jogo oficial.
A reforma do Morenão começou em meados de 2022, com investimento total de R$ 9.404.942,70. Esse montante foi estabelecido em termo de fomento firmado entre o governo do Estado e a UFMS. A execução das obras ficou a cargo da Fapec (Fundação de Apoio à Pesquisa, ao Ensino e à Cultura).
O estádio foi construído em 1971, no campus da então UEMT (Universidade Estadual de Mato Grosso), que mais tarde viria a se tornar a UFMS. Maior de MS, o Morenão recebeu jogo da Seleção Brasileira de Futebol contra a Venezuela, nas eliminatórias da Copa do Mundo de 2010.
Perto do estádio, fica o ginásio Eric Tinoco Marques, mais conhecido como Moreninho. A estrutura teve obras em 2018. Na manhã de ontem (dia 15), o ginásio estava sem atividades.
Perto dele, a infraestrutura do Mercado Escolar está em reforma. Noutro ponto, placas indicam um Centro de Convivência e Empreendedorismo onde funcionou o Autocine. O investimento é de R$ 5,6 milhões, com previsão de término em dezembro deste ano. A área de 2.134,80 m² (metros quadrados) ficou desativada por 31 anos, com um breve retorno em 2020, quando voltou a ter exibição de filmes durante a pandemia.
Faixa ainda anuncia o novo prédio da Fadir (Faculdade de Direito). Já a chamada passarela ecológica, que faz a ligação entre blocos, segue motivando preocupação pela estrutura de madeira.
O acadêmico Leonardo Porfírio, 19 anos, afirma que seu objetivo era estudar na UFMS e avalia que a instituição oferece boa estrutura nos cursos. “Gosto bastante dos professores e o meu objetivo era a federal”. Mas a reclamação vai para a ponte. “É uma estrutura que está devendo bastante. Passamos na chuva e estava tudo alagado. Acho que o perigo de a tábuas quebrarem é bem alto. O ideal era uma passagem de concreto”, diz o estudante.
Faixas e foto com Lula - Ruy Alberto Caetano Corrêa Filho é graduado em Zootecnia e tem doutorado em Ciências Biológicas. Camila Ítavo, 44 anos, também é graduada e tem doutorado em Zootecnia. Marco Aurélio Stefanes é professor da Faculdade de Computação. Em 2016, ele foi candidato a reitor da UFMS e já presidiu a ADUFMS (Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). Na rede social, mostra foto com o presidente Lula, durante a visita a Campo Grande na última sexta-feira (dia 12).
Faixas da chapa 2, com fotos de Camila Ítavo, estão espalhadas pela Cidade Universitária. A propaganda fica em pontos estratégicos, como perto do RU (Restaurante Universitário). Pelo campus, estudantes contam que nem sabiam da consulta marcada para 10 de maio, indicativo de uma campanha ainda tímida. As chapas inscritas foram divulgadas em 8 de abril, há pouco mais de uma semana.
De acordo com as regras eleitorais, cada chapa tem limite de gastos de R$ 120 mil durante o decorrer do processo de consulta. Os recursos podem ser dos candidatos ou doação de pessoas físicas (servidores ativos e inativos da UFMS, além de estudantes e egressos da instituição de ensino).
Na propaganda, “a fixação de faixas, cartazes e panfletos em espaços internos da UFMS é igualmente franqueada a todas as candidaturas”. Segundo resolução, fica vedada a divulgação de material de propaganda dos candidatos em rádio, televisão e jornais.
Marcada para 10 de maio, a eleição será das 8h às 21h, por meio de sistema eletrônico de votação da UFMS, modalidade adotada em 2020, durante o distanciamento social imposto pela pandemia de covid. Entre o eleitorado, os votos têm pesos diferentes, conforme a categoria: 70% para professores, 15% para técnicos-administrativos e 15% para estudantes.
Até 2023, a UFMS ofertava 142 cursos de graduação presencial e a distância, além de 68 cursos de mestrado e doutorado. A reportagem solicitou à instituição informações atualizadas de total de cursos, alunos e o número de eleitores aptos a votarem. Mas não recebeu resposta até a publicação da matéria.
A comissão que coordena a eleição informou que a previsão é que o total de eleitores seja publicado na próxima quinta-feira.
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