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Esportes

Acusada de trapaça, medalhista de MS diz que denúncias são "quadro irreversível"

Silvânia Costa se manifestou após denúncias de trapaças em competições paralímpicas para cegos

Por Gabriel de Matos | 11/12/2023 19:15
Atleta paralímpica Silvânia Costa saltando para a medalha de ouro em Tóquio (Foto:  Wander Roberto /CPB)
Atleta paralímpica Silvânia Costa saltando para a medalha de ouro em Tóquio (Foto:  Wander Roberto /CPB)

A atleta paralímpica Silvânia Costa de Oliveira, de 36 anos, nascida em Três Lagoas, se manifestou após denúncias divulgadas pela TV Globo neste domingo (10). Conforme reportagem transmitida no programa 'Esporte Espetacular', ela estaria fazendo trapaças e competindo em categoria errada.

Nas redes sociais, a atleta de 36 anos publicou trechos de entrevista concedida ao programa. Ela rebate as acusações e diz que tem diversas certificações nacionais e internacionais para competir na categoria T11 (para atletas com pouca ou nenhuma visão).

"Não estou nem com cabeça para mexer com isso. Não tem dinheiro que pague a reputação. É um quadro irreversível. Destruiu com a gente, o que fizemos em 15 anos. Estou muito magoada. Estou tranquila e legalizada", disse Silvânia ao Campo Grande News.

Dentre as principais conquistas de Silvânia, estão o Ouro no salto em distância nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020; ouro no salto em distância nos Jogos Rio 2016; ouro no salto em distância nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto 2015; ouro no salto em distância no Mundial de Doha 2015.

Denúncias - O caso divulgado pela TV Globo no domingo (10) tem por base apurações jornalísticas desde 2020, composta por entrevista com especialistas em oftalmologia, relatos de outros atletas, funcionários do CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro). A reportagem cita que além de Silvânia, o seu irmão Ricardo de Olveira e Lucas Prado, também atletas paralímpicos, estariam trapaceando para obter vantagem em competições.

Para entender as denúncias, é preciso conhecer as divisões das categorias do atletismo. As provas de pista recebem a letra T (de track, pista em inglês). As competições no campo recebem a letra F (de field, campo em inglês).

Quem tem alguma deficiência visual pode ser classificado em três categorias: 11, 12 e 13. A que concentra os atletas com menor capacidade de enxergar, inclusive os cegos totais, é a 11. Nela estão os atletas denunciados. Esta por exemplo também é a mesma categoria que compete Yeltsin Jacques, que não foi citado na matéria e nasceu com baixa visão.

Silvânia Costa foi medalhista de ouro das Paralimpíadas de Tóquio (Foto: Wander Roberto/CPB)
Silvânia Costa foi medalhista de ouro das Paralimpíadas de Tóquio (Foto: Wander Roberto/CPB)

Desde criança, Silvânia tem uma enfermidade chamada Doença de Stargardt, por isso, sua visão regride paulatinamente. Seu encontro com o esporte ocorreu aos 18 anos, como uma ferramenta de inserção social. Em alguns vídeos, ela aparece desviando de obstáculos e se deslocando em espaços estreitos.

Em entrevista, Silvânia explicou que tem dias que está melhor e não precisa de apoio para se locomover. Outra polêmica foi a participação dela em uma competição olímpica de atletismo. Ela estava sem guia. A atleta justificou que tinham pessoas ao lado ajudando-a.

O irmão dela, Ricardo Costa, também de Três Lagoas, foi citado. Ele foi campeão do salto em distância T11 nas Paralimpíadas do Rio 2016. Ele teve a visão limitada pela mesma enfermidade congênita que afeta a irmã, a Doença de Stargardt. A reportagem da Globo flagrou Ricardo caminhando pela rua e entrando em um veículo.

Ricardo Costa com a medalha de ouro e o mascote das Paralimpíadas do Rio de Janeiro (Foto: Reprodução/CPB)
Ricardo Costa com a medalha de ouro e o mascote das Paralimpíadas do Rio de Janeiro (Foto: Reprodução/CPB)

A situação do outro atleta brasileiro, Lucas Prado, que é velocista na classe T11, envolve vários vídeos dele caminhando por pistas e até andando na garupa de uma bicicleta. Na ocasião, ele observa o relógio e fala as horas. Nos Jogos Paralímpicos de Pequim 2008, ele ganhou três medalhas de ouro na categoria T11.

Em nota oficial, CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro) afirmou que nega ser conivente com práticas injustas no esporte. Alegam que prezam pela ética em sua gestão, seguindo as normas do Comitê Paralímpico Internacional, especialmente em relação à classificação de atletas com deficiência.

Eles destacam que a definição de classes é realizada por classificadores especializados, não tendo atletas ou o CPB poder de influenciar. Todos os atletas mencionados passaram por classificações internacionais, com questionamentos do CPB em alguns casos. Criticam a abordagem da reportagem, alegando falta de acesso a informações e imagens, e afirmam que as acusações de conivência com irregularidades são irresponsáveis e desonestas. Comprometem-se a continuar trabalhando pela inclusão e justiça no esporte.

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