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Esportes

Colocando a esclerose múltipla “para correr”, Agenor chega a 17ª maratona

Morador de Ilhéus, ele acorda às 4h da manhã e treina seis dias da semana

Aline dos Santos e Idaicy Solano | 02/07/2023 10:58
Agenor já participou de 188 provas, incluindo oito ultramaratonas. (Foto: Henrique Kawaminami)
Agenor já participou de 188 provas, incluindo oito ultramaratonas. (Foto: Henrique Kawaminami)

Com esclerose múltipla, Agenor Borges Carvalho Neto, 49 anos, completou sua 17ª maratona ao correr a prova de 42 quilômetros neste domingo (dia 2) em Campo Grande. Ao todo, em uma década, soma 188 provas, cálculo que inclui oito ultramaratonas (percurso superior a 42 km).

Primeiro ultramaratonista brasileiro com esclerose múltipla, ele conta que veio de Ilhéus (Bahia) e se preparou para a competição em Campo Grande, num período de baixa umidade relativa do ar, com atenção especial para a hidratação.

A rotina de treinos é puxada. O corredor acorda às 4h da manhã para, no máximo, às 5h já estar treinando. Na semana, tem um dia de descanso, porque, como faz questão de frisar, “recuperação também é treino”.

Agenor conta que a doença o fez perder o movimento do lado esquerdo do corpo, ter paralisia facial, dificuldade de dicção e dupla visão (enxerga duas imagens de um só objeto).

“Os médicos não tinham dado nenhuma perspectiva de recuperação. Comecei a fazer fisioterapia, uso de medicação pelo SUS [Sistema Único de Saúde], mas era sedentário. Após quatro anos, minha esposa entrou num grupo de corrida para me incentivar. Comecei a caminhar, trotar, corri 5 km, gostei e me apaixonei. Depois, fui aumentando gradativamente”, diz o corredor.

A primeira maratona foi no Rio de Janeiro, enquanto que completou a primeira ultramaratona no ano de 2019, quando percorreu 53 km na Chapada Diamantina (Bahia). Ao concluir a maratona em Campo Grande, ele reforçou a sensação de dever cumprido.

Fui bem, estou satisfeito e terminei a prova em um tempo agradável e colocando a esclerose múltipla para correr. As pessoas veem que por mais difícil que seja, nunca podemos desistir”, afirma Agenor.

Na esclerose múltipla, as lesões nos nervos causam distúrbios na comunicação entre o cérebro e o corpo.

Suzana cruzou a linha de chegada com camiseta com mensagem sobre esclerose múltipla. (Foto: Henrique Kawaminami)
Suzana cruzou a linha de chegada com camiseta com mensagem sobre esclerose múltipla. (Foto: Henrique Kawaminami)

Cunhada de Agenor, a professora Suzana Neves Moreira, 38 anos, correu sua primeira prova neste domingo. “A gente trouxe a camiseta para levantar essa causa da esclerose múltipla. Para ele, [a corrida] foi uma salvação. Quando a gente está em família, tudo fica mais forte e a gente consegue propagar para as outras pessoas”.

Agenor é irmão do reitor da Uems (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), Laércio Carvalho.

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