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Artes

Ao som de violas, sanfonas e "Espero ser feliz", amigos dão adeus a Ivo de Souza

A canção que fez a fama de Ivo de Souza também serviu de despedida para o homem da música raiz

Alana Portela | 20/10/2019 17:49
Cortejo teve viola e sanfonas no Cemitério Monte das Oliveiras. (Foto: Alana Portela)
Cortejo teve viola e sanfonas no Cemitério Monte das Oliveiras. (Foto: Alana Portela)

O velório virou seresta, ao som de “Espero ser feliz”, de Teixeirinha. Foi tudo no jeito de Ivo de Souza. “Eu me despeço esta noite dos senhores. Levo lembranças, recordações das nossas festas...” teria cantado ele, assim como a música que o tornou famoso.

A comemoração do aniversário estava praticamente pronta e teria a canção de Teixeirinha, que só fez sucesso quando Ivo de Souza regravou, em 1985. Os planos mudaram drasticamente, depois do acidente na manhã do último sábado, mas a homenagem ao violeiro não. Na tarde deste domingo de despedidas, os amigos cantaram o adeus ao homem forte da cultura raiz sul-mato-grossense.

Sanfonas e violas deram o tom para canções das antigas, bem ao gosto Ivo de Souza. O amigo Castelo, com violão, puxou a turma até o cortejo para o sepultamento que ocorreu por volta das 17h30. Ele era como porta-voz de Ivo, ainda com a letra de "Espero ser feliz". “Não chores muito, meu grande amor, tenha alegria. Porque o boêmio que tu amas hoje se cala. O meu passado encerro hoje nesta melodia. E o violão vai pra a parede da nossa sala”.

Cerca de 500 pessoas estiveram na despedido do violeiro (Foto: Marcos Maluf)
Cerca de 500 pessoas estiveram na despedido do violeiro (Foto: Marcos Maluf)
Coroas de flores foram lembranças de amigos ao cantor (Foto: Marcos Maluf)
Coroas de flores foram lembranças de amigos ao cantor (Foto: Marcos Maluf)
Amigos deram o último "adeus" ao artista (Foto: Marcos Maluf)
Amigos deram o último "adeus" ao artista (Foto: Marcos Maluf)

Ilda Fernandes, filha de Ivo, morava com o pai há 2 anos, depois de perder o esposo e a mãe. Era o avô que pegava os filhos na escola, o lado família de um homem que passou a maior parte da vida entre os bailões de Mato Grosso do Sul. Para diminuir a dor, ela autorizou a doação das córneas do pai, que vão ser luz para duas pessoas.

Mas não foi apenas isso que ficou, diz Ilda com admiração. “Ele deixou um legado na música e também como gente, por ser uma pessoa humilde e amigo de todos”.

A filha conseguiu se manter forte, apesar da maioria chorar no espaço lotado por cerca de 500 pessoas. Entre muitos artistas, a "Dama do Rasqueado" Delinha apareceu logo pela manhã, para a despedida do amigo que abriu os caminhos para talentos como da dupla Delio e Delinha.

Na capela, o "adeus" foi a canção "Segura na mão de Deus". Todos que sabiam a letra cantaram para dar apoio a família e também para que, de onde estiver, Ivo ouça e fique em paz. "Se as tristezas desta vida quiserem te sufocar, segura na mão de Deus e vá. Não temas, segue adiante e não olhe para trás...".  

Passaram pelo velório no Cemitério Monte das Oliveiras, o prefeito Marquinhos Trad, vereadores e muitos amigos, de diferentes gerações. Hoje, eles se encontraram na despedida, mas Valdirzão, segunda voz de Ivo nos últimos tempos, garante que a festa em homenagem aos 74 anos do parceiro vai vingar, em outra data. "Merece nossa homenagem e pelo tanto de gasto que teve. Vamos combinar com a família outra data para cobrir essa despesa", conta. 

Ele e outros músicos como Castelo, comandaram o cortejo ao som da viola, sanfona e muita música. "Se eu fosse um ser invisível, estaria sempre perto de você... Seria seu anjo da guarda para que ninguém a tomasse de mim. Ouvirias cada segundo a frase de amor mais linda do mundo, como a voz do vento lhe dizendo assim; Te amo, te amo, te amo", cantaram. 

"Trouxe o violão para tocar, cantamos essa canção de despedida. Adeus amigo companheiro de seresta", se despede Castelo, que tocou ao lado de Ivo algumas vezes.

O dia hoje também teve poesia escrita para lembrar que agora o encontro do violeiro será com o sanfoneiro Dino Rocha, que também se despediu este ano, vítima do diabetes. Do amigo Batista dos Santos, veio um poema, lido como adeus cheio de esperança:

Lá se foi o Ivo de Souza
Com a sua viola na mão
Pra fazer uma cantoria
Com o Ronaldo e o Tião
Vi um cortejo de anjos
Anunciando no portal
Está chegando o violeiro
Das bandas do Pantanal
Avistei o Dino Rocha
Com sua gaita baileira
Recebendo o companheiro
Com a Gaivota Pantaneira
E lá no palco celestial
A noite ficou pequena
E as cortinas se fecharam
Lá na Cidade Morena
Lá pros lados da Guaicurus
Ouvi uma voz cantando
Eu espero ser feliz
E uma multidão chorando
Campo Grande entristecida
Despediu-se do violeiro
Vai com DEUS meu velho amigo
Pro seu pago derradeiro

Confira o vídeo dos amigos cantando em homenagem a Ivo de Souza.

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Corpo foi sepultado por volta das 17h30, no pôr do sol. (Foto: Marcos Maluf)
Corpo foi sepultado por volta das 17h30, no pôr do sol. (Foto: Marcos Maluf)

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