Com dança e circo, atores apresentam saga de quem não consegue seguir viagem
Malas cheias nas mãos de 2 pessoas com dificuldade para seguir viagem são as fontes para um "improviso" ensaiado no espetáculo “Homens de Solas de Ventos”. Com circo e dança, não há texto falado entre os dois atores no palco, só movimento.
Prestes a embarcar, eles ficam retidos na alfândega e começa então a transformação dos personagens. A trilha vai encadeando as cenas, mas são os objetos que pontuam o espetáculo que integra o projeto Palco Giratório e será apresentado hoje, de graça, em Campo Grande.
Retalhos em uma das bagagens, por exemplo, viram cordas e depois ganham cabos de vassoura para serem usados como trapézio. A dupla fica suspensa, em lados opostos do palco, sentados sobre as malas que parecem flutuar.
E quando todo mundo pensa que é só um espetáculo de beleza e acrobacias, as indicações se viram para um debate sobre o que é ser latino, o que é ser europeu e todo o preconceito que tal diferença estabelecida pode significar.
Outro elemento importante é a iluminação e o som de uma sirene, que simbolizam a marcação cerrada do órgão de vigilância para verificar se os dois homens estão se comportando na sala isolada.
Em um dos trechos, Ricardo, um viajante negro, é levado por policiais e acaba espancado, o que muda a personalidade do personagem a partir dali.
A peça foi concebida pelos próprios atores Bruno Rudolf e Ricardo Rodrigues, que já enfrentaram experiências desagradáveis em aeroportos mundo afora. Os dois criaram a Cia Solas de Vento, em São Paulo, e nos dias que antecederam a apresentação, os ministraram oficinas sobre Dramaturgia Corporal.
O espetáculo será neste sábado, às 20 horas, no Teatro Prosa, do Sesc Horto, com entrada franca.