Histórias da rua onde autor cresceu inspiram livro sobre pertencimento
Escritor campo-grandense, Febraro lança romance em prosa sobre pertencimento e perda
O pertencimento, a perda e o descompromisso com uma linha do tempo convencional são algumas das principais características do livro “Uirapuru”. O romance em prosa é o novo trabalho do escritor campo-grandense Febraro de Oliveira, 23 anos, que se inspirou na história da rua onde vive desde criança, no Conjunto Habitacional Estrela D'Alva I, na Capital.
O livro é mais uma produção literária do autor, que já publicou “Todavia”, “Uma Festa Para o Fim do Mundo”, “Poesia Não Existe ou Ensaiodoquenãoédito” e “Planos incríveis para situações mirabolantes”. Esse último livro chegou a ser o mais vendido na categoria de poesia da Amazon Mundial e se tornou matéria no Lado B.
A obra é resultado de cinco anos de pesquisa e escrita. “Sempre me atravessou a história de que minha rua nasceu de uma ocupação. Fiquei pesquisando, mas nunca achei um registro histórico que comprovasse. As informações que encontrei vieram da memória de algumas pessoas”, conta.
A partir da memória de vizinhos, Febraro deu asas à liberdade poética e criou o romance que traz Léo como um personagem LGBTQIA+, inserido no cenário onde as histórias da rua Uirapuru são verídicas. Por meio do protagonista, o escritor aborda questões de identidade sexual e de gênero, violência policial e abandono.
Segundo Febraro, a busca por pertencer a si mesmo ou a algum lugar é o grande desejo de Léo. “O maior debate é sobre pertencer, o personagem tenta a vida inteira pertencer. Ele é LGBTQIA+ e não se pertence, ele tem uma casa que não lhe pertence, então, tudo vai entrando nessa ideia”, explica.
Outro motivo de orgulho para o escritor é propor a descentralização da literatura no contexto geográfico. Febraro criou um romance regional que utiliza Mato Grosso do Sul como ambientação para desenvolver a narrativa. Dessa forma, ele tira o foco do eixo Rio-São Paulo, que são os dois estados constantemente utilizados de cenário por escritores brasileiros.
Aliviado com o lançamento do livro, ele confessa que no ano passado, precisou começar do zero o projeto para conseguir colocar no papel o que realmente queria trazer para o público. “No começo do processo, das 160 páginas, gostava só das 15 primeiras e a minha editora falou para eu reescrever. Foi necessário matar um pouco o Febraro pra nascer o livro. Ele voava muito, não tinha o pé no chão, mas foi importante voar para agora ele pousar”, afirma.
Com Uirapuru, o jovem espera e até mesmo pede que os leitores tenham carinho e atenção à leitura. “Espero do leitor generosidade e companheirismo, porque essa não é uma obra para ser lida passivamente. É um livro que exige uma participação, compreensão do que é ou não real e você tem que estar aberto ao que o livro propõe”, ressalta.
Para estimular a leitura e fazer com que o livro chegue a diversas regiões, cerca de 1.500 mil exemplares foram separados para doação. O intuito, conforme Febraro, é que escolas estaduais, bibliotecas de Campo Grande e a CUFA MS (Central Única das Favelas de Mato Grosso do Sul) sejam contempladas na ação.
Além de doar, o escritor pretende realizar oficinas e encontros para poder falar sobre o livro e desenvolver uma conexão com o público. “A ideia é criar uma rede de afeto através da obra”, conclui.
O livro, que está em fase de pré-venda até 14 de novembro, pode ser adquirido no site. A cerimônia de lançamento está prevista para ocorrer no dia 12 de novembro, no Ateliê Refazenda, no Bairro Santa Fé, em Campo Grande.
Curta o Lado B no Facebook. Tem uma pauta bacana para sugerir? Mande pelas redes sociais, e-mail: ladob@news.com.br ou no Direto das Ruas através do WhatsApp do Campo Grande News (67) 99669-9563.