"Momento mais difícil da minha vida", diz Breno Moroni sobre crise
Ator renomado, Breno está gravando vídeos para colocar em suas redes sociais, além inscrevê-los em editais de emergência
“Cadê a Regina, você está aí Regina?”, é assim que começa o vídeo gravado pelo ator, autor e tantas outras coisas, Breno Moroni. A Regina que ele procura, é a Duarte, atriz lendária e atual secretária especial da Cultura do Governo Federal.
O vídeo é um “combo”, sendo uma forma de expressão artística e também crítica ao modo como a cultura vem sendo tratada durante a crise do coronavírus.
“O teatro pode ser um pouco mais sério e também mais irreverente, assim como qualquer arte, no caso do vídeo a mesma coisa, pode ser ácido, crítico, ou mais leve. Eu decidi usar essa ferramenta para criticar também, foi uma opção minha”, diz Breno.
Criticar foi uma opção, mas gravar vídeo não. O contexto da pandemia, que obrigou medidas de isolamento, deixou vários artistas sem ter onde trabalhar. Casas de espetáculo e teatros estão fechados, nem se apresentar na rua eles podem, porque isolamento é isolamento.
“Nós só tínhamos, basicamente, a linguagem teatral para se manifestar, de repente perdemos nosso palco”, lamenta o artista.
Desde 2018 em Campo Grande, Breno, que tem uma filmografia extensa, com mais de 80 fimes, carreira em TV, além de teatro, nunca passou por nada parecido. “Estou em um dos momentos mais complicados da minha vida, sempre me virei, nunca fiquei esperando por nada, mas a situação é tão complicada que por mais que busque, não achamos nada”.
Fazer vídeo em si não é algo estranho para alguém com a carreira de Breno, a diferença agora é o canal por meio do qual esses vídeos estão sendo veiculados: nas redes sociais. “Estou em um processo de aprender fazer”.
Os vídeos, segundo o artista, são mais para não ficar “parado”, porque é grande a dificuldade no financiamento desse tipo de mídia, principalmente em redes sociais. “Nossa alternativa está sendo inscrever os vídeos em editais públicos de emergência para ajudar os artistas que estão passando pelo que estamos passando”.
Breno até entende as iniciativas dos municípios, estados e federação, mas reclama da média do valor pago pelos editais. “Tem edital que está pagando 300 reais, imagine isso quando você produz um vídeo com mais de uma pessoa, não é nada”.
Breno também faz parte da Mambembe Trupe Teatral, companhia de artistas que está sofrendo com a crise. Para a atriz sul-mato-grossense Renata Macedo, de 33 anos, integrante da Mambembe, e que hoje mora no Rio de Janeiro, apesar da dificuldade, o momento está sendo uma oportunidade para se transformarem.
“Daí de Campo Grande o Breno escreve as cenas, manda o roteiro, eu gravo daqui, mando pra ele de volta, e tudo sem plateia né, algo essencial para o teatro. Então é uma oportunidade para exercitar essa nova possibilidade que não explorávamos”.
Sobre o futuro, Breno imagina que quando as medidas restritivas acabarem, o caminho vai ser primeiro ir pra rua, atrás do público, porque os teatros devem demorar pra voltar a ter gente. “O teatro vai sofrer demais, vai ser bem difícil”.
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