Prefeitura propõe pagar R$ 1 milhão e acordo fica para reunião com Olarte na 2ª
Em reunião com secretários municipais e vereadores, os artistas do movimento S.O.S Cultura ouviram uma nova proposta para o pagamento dos R$ 4 milhões referentes aos fundos FMIC (Fundo Municipal de Incentivo à Cultura) e Fomteatro (Programa Municipal de Fomento ao Teatro). Dessa vez apresentada pelo Secretário de Planejamento, Finanças e Controle, André Scaff, o proposto foi o pagamento de R$ 1 milhão dividido em cinco parcelas de R$ 200 mil. Até esta quarta-feira, a Prefeitura havia apresentado, por meio dos vereadores, R$ 700 mil.
O pagamento de R$ 1 milhão foi considerado tecnicamente inviável pelos artistas, já que são cerca de 120 projetos que deveriam ratear este valor. "Ele vai deixar tudo parado ainda. Ninguém começa nada. Dá uma insegurança, porque a gente já vem nessa luta há muito tempo. O pagamento de 25% do fundo não resolve, todo mundo continua parado, esperando. Se o problema é crise financeira, queremos ver a atitude da Prefeitura para diminuir isso", falou o músico Jerry Espíndola.
"Essa proposta, tecnicamente não tem como fazer. Se tirar da música, o outro fica sem. São pessoas que vivem disso", sustentou o produtor cultural Tomaz Ramos.
A reunião aconteceu na Prefeitura de Campo Grande, depois que os artistas foram até a Câmara de Vereadores. A proposta foi ouvida por 10 integrantes do movimento que repassariam a ideia aos demais artistas que aguardavam o desfecho na frente da Prefeitura. No entanto, a conversa que durou cerca de 1h30 terminou com uma nova data, e desta vez, com a garantia da presença do Prefeito Gilmar Olarte (PP) e da diretora-presidente da Fundac, Juliana Zorzo. Na próxima segunda-feira, eles voltam a se reunir também na Prefeitura, às 14h.
As falas foram intercaladas entre os secretários que acompanhavam a reunião, vereadores e artistas. Quem iniciou o diálogo foi o presidente da Câmara, Mário Cesar (PMDB), que antecipou que depois de uma audiência unilateral, onde ninguém compareceu em nome do Executivo, eles decidiram se reunir para ver o que era "factível e plausível".
Acompanhado dos secretários de Obras e de Governo, Scaff sustentou que a Prefeitura passa por uma crise financeira devido a queda nos repasses e que as análises feitas desde ontem seguem o cenário realista. "Não adianta sentar e conversar o que não vai dar para cumprir".
O pagamento do R$ 1 milhão, segundo Scaff, teria a primeira parcela paga imediata, assim que iniciado o procedimento burocrático.
A discussão também permeou os cachês em atrasos, parte deles vem desde a gestão do prefeito cassado Alcides Bernal, e que a atual administração se comprometeu a quitar os R$ 88 mil até o final deste mês. O titular da pasta de Planejamento e Finanças adiantou que tomou liberdade de falar com o Secretário de Cultura, Turismo, Empreendedorismo e Inovação, Athayde Nery. "Estamos tentando essa parte também de apoio e parceira entre Estado e Município".
Ator e participante do movimento, Anderson Lima, pediu um posicionamento da Prefeitura também em documentar a proposta. "Me sinto inseguro que quem decide, o Prefeito e a presidente da Fundac, não vai à Câmara, não vai à reunião, não quer dialogar.
Os secretários anunciaram também que o planejamento para 2015 vai exigir que o processo esteja concluso antes que os artistas iniciem a execução de qualquer trabalho para que não ocorram mais falhas como as vivenciadas.
O saldo da reunião foi uma nova discussão com propostas que vão além do R$ 1 milhão de hoje, um empenho envolvendo valores e prazos para o pagamento total dos R$ 4 milhões. "Pedimos um envolvimento do Prefeito um pouco mais neste diálogo que é a pessoa responsável para decidir. Tecnicamente é impossível fazer uma escolha da escolha, do que já foi homologado", argumentou a vereadora e presidente da Comissão da Cultura, Luiza Ribeiro (PPS).
O secretário Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação, Valtemir Alves de Brito, garantiu uma "força-tarefa". "De ontem para hoje já tivemos avanços, nós vamos achar alternativa, não vamos fechar as portas". Sobre o não comparecimento da presidente da Fundac, Juliana Zorzo, o secretário de Governo do Município, Rodrigo Pimentel, sustentou que Zorzo já apresentou todas as propostas e que seria um desgaste a presença dela em mais esta reunião. "Que é muito mais um evento político do que técnico", alegou.