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Lado B

Carnaval é tempo de reencontro, estrear a fantasia e ser estrela na rua

É tanta gente voltando para a casa, que a folia ganha cores de um Natal antecipado

Aline dos Santos, de Corumbá | 10/02/2013 00:58
Maycon e o irmão David usam mesma fantasia para brincar o Carnaval. (Foto: Rodrigo Pazinato)
Maycon e o irmão David usam mesma fantasia para brincar o Carnaval. (Foto: Rodrigo Pazinato)

Um clima de reencontro paira sobre Corumbá. É tanta gente voltando para a casa nos dias de Carnaval, que a folia ganha cores de um Natal antecipado. Onde moram sete, cabem 18. Se são três, não tem problema, mais seis moradores temporários serão sempre bem-vindos. Para a maior festa carnavalesca de Mato Grosso do Sul, vem corumbaense de Campo Grande, do Mato Grosso, do Nordeste.

Quem nasce na Cidade Branca não mede esforços para passar o Carnaval na terra natal. Foliã de carteirinha, Luiza Rondon, de 68 anos, foi buscar o neto em Campo Grande. Com fantasia de palhaço, o corumbaense Igor, de 3 anos, assistia à passagem dos blocos na primeira fila. O garotinho segue os passos da avó. Depois de se divertir na matinê infantil, corria feliz pela passarela do samba, na avenida General Rondon.

A família Claro abriu as portas para os amigos e triplicou a população da residência. Em dias normais, moram três pessoas no imóvel. No Carnaval, chegaram mais seis. “São amigos que vieram do Rio de Janeiro e de Campo Grande”, conta o administrador de empresas Maycon Claro, de 23 anos.

Admirador da festa desde criança, ele revela que já cogita até reativar o bloco Flor de Abacaxi, datado da década de 1980. Ao som das marchinhas, o jovem se divertia com o irmão David, de 6 anos. A matinê do fim de tarde era o “esquenta” para uma intensa agenda carnavalesca. “Ainda vou desfilar no [bloco] Flor de Abacate, no Afoga o Ganso e em uma escola”, diz Maycon.

O palhaço gigante (direita) ganha vida com o esforço de Carlos. (Foto: Rodrigo Pazinato)
O palhaço gigante (direita) ganha vida com o esforço de Carlos. (Foto: Rodrigo Pazinato)

Com que roupa eu vou – A indagação do samba de Noel Rosa parece não afligir o folião em Corumbá. Na festa, há espaço para tudo. As ruas são tomadas por marinheiros, palhaços, bruxas, fadas, super-heróis. E o fascínio pelo lúdico começa cedo.

Sob a vigilância da sisuda estátua do general Antônio Coelho, a praça da Independência virou um reduto de meninos e meninas fantasiados. A tradição é disseminada de geração para geração. A roupa de joaninha ostentada por Stephanie, de 8 anos, foi criação da avó Lenilza Pedroso Silva, de 57 anos. “Já vim de Minnie, de fadinha”, conta a garota.

Ana Beatriz, de 3 anos, rodopiava o saiote de bailarina ao som das marchinhas. Encontrar um Carnaval das antigas em Mato Grosso do Sul surpreendeu Fábia Nascimento, de 38 anos, que veio de Fortaleza (Ceará). “Não esperava”, diz a mãe da foliã mirim.

Ser um dos bonecos gigantes que abrem os desfiles é teste de resistência para o universitário Carlos Júnior Holanda dos Santos. “Começa com 30 quilos, depois vai ficando mais pesado”.

Avó foi buscar Igor em Campo Grande para não perder a folia na terra natal. (Foto: Rodrigo Pazinato)
Avó foi buscar Igor em Campo Grande para não perder a folia na terra natal. (Foto: Rodrigo Pazinato)

Ser o dono da festa – Nos primeiros dias do Carnaval de Corumbá, marcados por desfile dos blocos, poucos ficam na arquibancada. A ordem é fazer parte da festa. Todos querem passar pela passarela do samba. Seja nos desfiles dos grupos oficiais, seja no bloco de sujos, cuja multidão deixa claro “que só não vai quem já morreu”.

Aos 61 anos, Elizabeth de Arruda Souza, fez em 2013 sua estreia no samba. “Adorei fazer parte da festa”, afirma a integrante do bloco Cravo Vermelho. A decisão de desfilar foi tomada pensando no filho. “Ele é especial. E assim é uma forma dele também participar ”.

A partir de domingo, entram em cena as escolas de samba. Primeiro, as do grupo de acesso. Na segunda-feira, desfilam as agremiações da elite do Carnaval de Corumbá. A festa termina na terça-feira, ao som da bateria da Beija Flor.

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