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Comportamento

À espera de transplante, Sebastião conseguiu convencer 185 pessoas a doar

Na fila para transplante de fígado, Sebastião Conceição transformou sua espera em chance de conscientizar

Por Mylena Fraiha | 03/12/2024 17:18
Sebastião durante internação no Hospital do Coração, em Campo Grande (Foto: Arquivo pessoal)
Sebastião durante internação no Hospital do Coração, em Campo Grande (Foto: Arquivo pessoal)

Há um ano e dois meses, o gerente-executivo Sebastião Conceição, de 49 anos, foi diagnosticado com encefalopatia hepática, que exige um transplante de fígado. Atualmente, ele está em segundo lugar na fila de espera por um transplante, mas decidiu transformar esse período em uma oportunidade para conscientizar as pessoas sobre a importância da doação de órgãos. Ele explica que já convenceu cerca de 185 amigos e familiares a se tornarem doadores.

Sebastião explica que a descoberta da doença ocorreu após um desmaio em sua residência, em outubro do ano passado. “Eu fui ao mercado. Quando retornei, não consegui subir uma escadinha na frente da minha casa. Quando consegui, sentei na varanda, puxei uma cadeira e pedi à minha esposa: 'Me leva ao médico, porque preciso medir a pressão'. Me deu um cansaço que não é normal, e eu era uma pessoa que praticava muito exercício, pedalava vários quilômetros toda semana”, lembra.

Por insistência de sua esposa, Juliana de Oliveira, ele foi ao Hospital do Coração de Mato Grosso do Sul para realizar uma série de exames e identificar o que estaria por trás do desmaio. Lá, ele ficou internado por cinco dias, após sofrer outro desmaio. Foi então que recebeu o diagnóstico de encefalopatia hepática.

“A médica explicou que eu estava com uma doença grave, com expectativa de vida de no máximo quatro anos, a menos que fosse transplantado. Fui diagnosticado com encefalopatia, uma condição causada pela cirrose hepática que provoca acúmulo de amônia no cérebro, fazendo com que a pessoa perca a fala e tenha tremores. Eu realmente não conseguia fazer nada”, relata Sebastião.

Fila de transplante - Após receber o diagnóstico, Sebastião conheceu a Fratello Transplantes, uma associação de apoio ao transplante de órgãos e tecidos em Mato Grosso do Sul, criada com o objetivo principal de ser um agente facilitador para projetos de transplantes no estado.

O projeto é coordenado pelo médico-cirurgião, Gustavo Rapassi, que realizou o primeiro transplante de fígado em Mato Grosso do Sul. A operação inédita foi realizada em julho deste ano, no Hospital Adventista do Pênfigo, em Campo Grande. O receptor foi um homem de 60 anos, natural de Ponta Porã, que fazia acompanhamento na instituição há mais de um ano e entrou na fila de transplantes por causa de uma cirrose hepática.

Equipe realiza transplante de fígado em homem de 60 anos, o primeiro a passar por esse tipo de cirurgia em MS (Foto: Divulgação/Assessoria de imprensa)
Equipe realiza transplante de fígado em homem de 60 anos, o primeiro a passar por esse tipo de cirurgia em MS (Foto: Divulgação/Assessoria de imprensa)

Gustavo também atendeu Sebastião e foi responsável por encaminhá-lo para a fila de transplante com base no MELD (Model for End-stage Liver Disease), um indicador da necessidade de transplante.

O valor MELD varia de 6 a 40, sendo que 6 indica menor gravidade e 40, maior gravidade. Sebastião entrou na fila com 17 pontos, o que já indicava urgência. Atualmente, com 25 pontos, ele é o segundo na fila de espera por um transplante de fígado.

“Meu médico é responsável por inserir esses dados no cadastro nacional. Assim, eles são encaminhados para a fila nacional de transplantes. No entanto, existe uma questão regional, com unidades específicas para transplantes, o que nos dá preferência na alocação regional”, explica Sebastião.

Rede de conscientização - Mesmo enfrentando desafios, Sebastião transformou sua espera em uma oportunidade para conscientizar amigos, familiares e conhecidos sobre a importância da doação de órgãos. “Hoje sou eu quem precisa, mas amanhã pode ser qualquer um”, destaca.

Ele é parte do projeto “Somar Vidas em Vida”, que tem como objetivo incentivar a doação de órgãos, conscientizar a sociedade e arrecadar recursos para dar suporte a pacientes e hospitais com pessoas em espera. Sebastião explica que atua na captação de recursos para ajudar o projeto. “Estou focado em levar essa mensagem aos empresários e colaboradores”, diz.

Sebastião e sua esposa, Juliana, que também luta pela conscientização sobre a doação de órgãos (Foto: Arquivo pessoal).
Sebastião e sua esposa, Juliana, que também luta pela conscientização sobre a doação de órgãos (Foto: Arquivo pessoal).

Sebastião reforça que a doação de órgãos pode salvar até oito vidas e enfatiza a importância de registrar a intenção de doar. “As pessoas precisam saber que, se estão em boa saúde, podem registrar essa intenção em cartório. Quando alguém é diagnosticado com morte encefálica, os órgãos podem ser retirados para salvar outras vidas”.

Interessados em conhecer os projetos ou colaborar financeiramente podem buscar informações nas redes sociais da Fratello Transplantes (@fratellotransplantes) e do projeto Somar Vidas em Vida (@somarvidasemvida).

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