Amigo expõe professora e mordida de gato vira caso de polícia
Em áudios dona do gato diz rindo que foi ao veterinário para ver se ele não havia sido contaminado pela menina
Aos 8 anos, menina foi atacada pelo gato da vizinha e precisou ser socorrida pela família na noite de sexta-feira (18), em Campo Grande. Mas o que poderia ter sido resolvido com uma conversa e assistência à vítima, virou deboche nas redes sociais e caso de polícia.
A estudante Hevilaine Cristina Pegaz Paiva Cardoso, de 30 anos, procurou a delegacia na manhã de hoje (21) para registrar boletim de ocorrência contra a dona do gato por difamação, a professora Andressa Ortega, 30.
O registro foi feito após a mãe da menina receber um vídeo publicado nas redes sociais do professor Henrique Brandão expondo o diálogo entre ele e a amiga, Andressa, e debochando sobre a situação.
Após descrever aos seguidores o ocorrido, o professor expõe uma fala da amiga nada aceitável para a mãe da criança. No diálogo, a professora ri da situação e diz que levou o gato ao veterinário para ver se não pegou alguma doença da criança.
“Eu acho que eles bateram no meu gato. Certeza. Só que hoje eu levei ele ao veterinário para ver se ele não tinha pegado nenhuma doença da menina. Ai que maldade. Eu to rindo agora, mas ontem eu comecei a chorar, cara, porque eu fiquei me cobrando, me sentindo mal de ter deixado ele pra fora”, diz a professora.
O vídeo com o diálogo só chegou à mãe da criança no sábado (19). “Eu estava numa loja comprando um presente quando vi e fiquei igual barata tonta. Eu fiquei mais de meia hora tentando entender o que estava acontecendo. O peso dessa insinuação de que minha filha poderia passar uma doença pro gato dela é muito grave”, desabafa a mãe.
A proprietária do animal já foi professora da menina no início do ano, mas a criança mudou de sala após um diagnóstico de TDAH (Transtorno do Deficit de Atenção com Hiperatividade). No entanto, a mãe diz que a criança sempre teve um carinho pela professora. Para a mãe, faltou empatia na fala. “Foi uma frase preconceituosa, o jeito que ela fala, a ironia que ela usa, a forma que ela fala, a risada no final, foram na maldade”, avalia a mãe.
A mãe diz que, após a mordida do gato, a professora ofereceu ajuda e a conversa entre elas foi amigável. Mas na sequência ele enviou os áudios com tom de deboche e tudo mudou após o áudio ser exposto nas redes sociais, por isso, ela pede justiça. “Espero que sinceramente ela pague e tenha consciência do peso da fala dela”.
A reportagem conversou com a professora, que nega o preconceito. “Eu, infelizmente, estava conversando com meu amigo e, no momento da emoção, não pensei. Eu falei em tom de piada, mas não foi para agredir. Achei que estava sendo engraçado, mas está me causando um transtorno. Peço desculpas e perdão a toda família”.
A professora também lamenta o comportamento do amigo, que compartilhou a conversa. “Não fui eu que postei nenhum vídeo em rede social, não usei nenhuma frase racista, não coloquei nome da criança. Mas eu pedi perdão e o que eu podia fazer nesse momento eu fiz. Eu errei, quero me retratar e ela [mãe] está no direito dela de fazer boletim de ocorrência”, diz a professora.
Na manhã de hoje, Henrique publicou nas redes sobre a repercussão da conversa entre ele e Andressa. “Acordei com minha consciência maravilhosa. Tanto eu quanto minha amiga nos conhecemos, sabemos que a gente nunca faria maldade para alguém, até porque não tem motivo pra gente fazer nada de mal pra alguém pra debochar e humilhar, isso está bem longe de ser meu e dela”, disse.
Ele também atendeu a reportagem e reiterou que não imaginava a repercussão. "Eles estão acusando a gente de algo que a gente abomina. Nunca na vida seria por maldade, foi porque eu achei engraçado, as pessoas sabem que é brincadeira. Quem me acompanha já me conhece. Nunca seria maldade, nunca seria para fazer mal a alguém, mas eu pedi desculpa, minha amiga também, a gente não sabe mais o que fazer. Eu mesmo nem sabia quem era a menina", diz Henrique, que também tem sido atacado nas redes sociais após o repercussão do caso.
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