Apaixonado pela cidade, arquiteto tatua no braço arara, obelisco e relógio da 14
Não foram as primeiras e nem serão as últimas tatuagens, mas passar da temática japonesa para pontos turísticos regionais foi uma mudança e tanto. Para homenagear Campo Grande, o arquiteto Thiago Faustino, de 28 anos, escolheu três itens que são a cara da cidade: arara, obelisco e o relógio da 14 para desenhar no braço. Elas ainda não estão prontas e pelo visto podem ganhar mais elementos.
"Para mim é como uma arte viva que já passou por várias propostas diferentes até chegar a que está sendo desenvolvida em meu braço", explica ao Lado B. Ao numerar as tatuagens ele faz questão de pontuar que "até o momento" são só essas.
Depois da fase japonesa, ele quis criar uma tatuagem que fosse única e o representasse melhor, com o pensamento focado em não seguir estilos conhecidos. Pela profissão, a primeira ideia era de fazer algum edifício antigo de Campo Grande e o obelisco. "Fiz o desenho e passado um tempo resolvi que seria no braço, somente o obelisco em forma de pintura imitando aquarela com a frase de Manoel de Barros: "Livre para o silêncio das formas e cores", justifica.
Nascido e criado em Campo Grande, foi esta a forma encontrada por ele de homenagear a cidade e também a profissão. Feito o desenho original, Thiago foi até o estúdio do tatuador Kallel, mas mudou de ideia e da primeira sessão, em abril, saiu só com o obelisco tatuado, sem frase e nem pintura.
Passados dois meses, ele resolveu que o desenho podia ganhar outros ícones arquitetônicos de Campo Grande. O próximo passo foi o relógio da 14. O detalhe ficou por conta dos marcadores, os ponteiros foram a última coisa feita pelo tatuador para que Thiago decidisse que horário teria gravado na pele. "Decidi que seria a hora do meu nascimento, 7h45 e curiosamente também coincidiu de ser a hora exata em que ele concluía a tatuagem, às 7h45", conta.
Agora em setembro, a cabeça de Thiago começou novamente a arquitetar outra tattoo, composição para unificar as duas primeiras. Ele chegou a pensar que o Hotel Gaspar ou o Edifício José Abrão, marcos arquitetônicos, pudessem atender à proposta ou ainda os extintos cinemas Alhambra e Santa Helena, mas desistiu porque queria seguir a tendência de ser preto e branco.
A inspiração veio no caminho para o trabalho, enquanto esperava o semáforo abrir na Rua Dom Aquino. "Estava observando a Praça das Araras e percebi que era por aquele caminho que deveria ir a minha tatuagem", narra. Na última sexta, ele iniciou o processo da unificação usando a praça como referência. "Escolhemos uma posição da praça, e para dar mais vida ao desenho, selecionamos imagens de araras reais em posições muito semelhantes para servir de moldura para os outros desenhos da composição", sustenta Thiago.
O arquiteto ainda não sabe, ao certo, como e quando a tatuagem será finalizada. Entre as possibilidades estão fechar o desenho com um ipê e uma simulação do pôr do sol de Campo Grande, que costuma chamar a atenção dos turistas. "Por conta do tamanho das araras, a proposta está em aberto e tomando novo rumo. Tenho o lado interno deste braço como uma tela em branco e com certeza irá fazer parte do original, mas isso ao futuro pertence, no momento o foco é finalizar o que eu já tenho como certo", descreve.