Após 60 anos na 14 de Julho, Georges vai fechar loja para curtir a praia
Sócio da Casa Paulista, na Rua 14 de Julho, decidiu fechar as portas até o final do ano porque quer ter paz
Depois de 60 anos de funcionamento, a Casa Paulista de Aviamentos, na Rua 14 de Julho, tem prazo para trancar as portas. Até o final do ano, Georges Youssef Elossais, de 77 anos, e os sócios resolveram que o local vai fechar. O empresário agora pretende colocar todos os itens da casa em liquidação e encerrar de vez as atividades. “Eu trabalhei tanto que esqueci de parar. Agora, eu só quero descansar”, expressa.
Seu Georges é natural do Líbano e assim como muitos do próprio país, chegou em Campo Grande há muitas décadas para fazer a vida. Mas agora, conforme ele mesmo, faz questão de reforçar, está na hora de descansar. “Chega de trabalhar. Eu quero ir para a praia de Santos, sentar na areia vestido de short e olhar o mar”, destaca.
A notícia do fechamento do local é motivo de lamentações dos clientes. Durante a tarde, de sexta-feira (8), não teve uma pessoa que entrasse no estabelecimento e não questionesse seu Georges o motivo de não passar a gestão para outra pessoa, mantendo assim o local aberto.
“Ninguém sabe cuidar. Eu acredito que seja uma coisa nata do libanês mesmo, não tem jeito. Mas eu também nem quero, graças a Deus, tudo aqui deu certo e já está na hora mesmo é do descanso”, reforça.
A Casa já pertence a Georges e aos dois irmãos, Afif Youssef Elossais e Mikkail Youssef Elossais, desde a década de 60. Por conta do covid, ultimamente apenas um seguia presencialmente a frente do comércio.
O negócio começou com o pai, Youssef Elossais. Em tempos sem grandes lojas de departamentos, cresceu e prosperou trazendo exclusividades de São Paulo e outros grandes polos fornecedores do passado.
Vieram as redes maiores, a primeira escada rolante na 14 de Julho, dentro da Pernambucanas, depois as franquias. Mas a Casa Paulista seguiu firme, inclusive, para a “surpresa” do próprio dono.
“Normalmente, um negócio dura uns 30 anos. Esse aqui já tem 60, ou seja, ultrapassou o dobro. Da minha época, entre os comerciantes que começaram junto comigo, nem tem mais ninguém. E ainda teve essa pandemia. Já está na hora de encerrar mesmo. O sentimento é de realização”, insiste.
Quem está mais sentindo mesmo são os clientes. “Mas não tem jeito. Tem que ter uma hora para descansar. Minha vida toda foi só trabalho. Trabalhei tanto que esqueci até de mim. Então, agora eu só quero descansar. Já tenho tudo o que eu quero. E também, quando a vida acaba, não vamos levar nada, não é mesmo?”, ensina.
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