Após ver sua história se desfazer, esperança de Abílio é reconstruir lar
Incêndio se espalhou rapidamente e transformou desde geladeira até livros escritos por ele em cinzas
Desde novembro, Abílio Borges tem convivido com os estragos causados por um incêndio que atingiu toda a estrutura de sua casa e observado como tudo se desfez em um tempo tão curto. Sem a possibilidade de recuperar seus manuscritos e mobílias consumidos pelo fogo, a esperança do morador tem se direcionado a reconstruir o lar com uma ajuda coletiva sugerida por amigos.
“Eu perdi tudo, minha casa ficou em ruínas”, resume Abílio sobre o cenário do lar. Acostumado a viver na área rural, ele conta que sua casa fica a 25 quilômetros da sede do Detran, na estrada que leva ao município de Rochedo e desde o dia 26 de novembro tudo desabou.
Relembrando sobre o acidente, ele narra que logo cedo sentiu um cheiro de fumaça vindo da casa de seu filho. “Lá nos fundos da casa dele havia um pequeno incêndio, mas o problema é que a rede elétrica passa por dentro da minha casa e o curto correu pelo fio até atingir o meu”.
Antes de notar que sua casa também seria atingida, Abílio explica que se preocupou em resolver o incêndio na área do filho. Durante o período em que saiu do local para pedir ajuda aos vizinhos, o fogo se espalhou e tomou conta do lar.
“Quando cheguei na frente, minha casa estava pegando fogo. Fui apagar o fogo no quintal da casa do meu filho para que não atingisse a casa dele e acabei perdendo a minha casa”, diz Abílio.
Desde geladeira, sofá e televisão até sua biblioteca e livros escritos nas últimas décadas, praticamente tudo foi perdido. “Além da minha casa como um todo, acho que uma das grandes perdas foram meus manuscritos. Acredito que perdi pelo menos 800 páginas e não sei se sou capaz de voltar a escrever o que já havia feito”.
Devido ao incêndio ter tomado quase toda a casa, as paredes foram comprometidas e as obras são necessárias como um todo. “Ficou um pedacinho da varanda e menos da metade da casa, então estou dormindo num cantinho da cozinha. O panorama é de total destruição, não tenho portas, janelas e precisei demolir parte da casa para tirar a sujeira”.
Sem verba para fazer a reforma sozinho, Abílio detalha que após o incêndio recebeu a visita de alguns familiares e amigos. E, pensando que toda ajuda é necessária, um dos amigos deu a ideia de criar uma vaquinha virtual.
“Mandei mensagem para algumas pessoas dizendo que minha casa estava pegando fogo e vieram dois amigos, o Julio Cabral e o Geraldo. O Geraldo propôs fazermos a vaquinha e assim conseguimos reconstruir”, diz.
Além da vaquinha, alguns quadros também foram pintados por Julio Cabral com carvão, pó e itens encontrados no sítio de Abílio. Esperançoso com a solidariedade, agora o morador segue pensando sobre toda a história envolvida e como irá reconstruir não apenas as paredes, mas sua própria vida.
Sobre sua relação com a casa, ele explica que tudo começou no início dos anos 2000 quando perdeu o filho caçula e resolveu dar uma guinada na vida. “Estou aqui nessa terra há 7 anos, mas antes, em 2000 eu montei um grupo para lutar por reforma agrária. Era servidor público e deixei para fundar o grupo e consegui fazer um projeto para 40 pessoas em Jaraguari”, detalha sobre sua relação com a terra.
Acompanhado da ex-esposa e dos filhos, Abílio passou a viver no meio rural e chegou a voltar para Campo Grande, mas a saudade do campo foi maior. “Aqui é o lugar em que me sinto bem, em que escrevo. É meu paraíso”, resume.
Já tendo entendido as consequências, o morador completa o relato dizendo que o foco tem sido a reconstrução e, para isso, a casa será reduzida. “Fizeram um orçamento de R$ 60 mil para reconstruir parte da casa, diminuindo o espaço para fazer um pouco de tudo que perdi”.
Para ajudar é só clicar aqui e verificar todas as informações na vaquinha virtual de Abílio.
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