Capoeira vira símbolo feminino com dupla de MS entre as melhores do mundo
Elas são de Mato Grosso do Sul e ficaram em segundo lugar na competição mundial de capoeira que aconteceu em Curitiba
O público feminino está ganhando cada vez mais destaque na prática da capoeira, principalmente em Mato Grosso do Sul. Isso porque, as duas melhores capoeiristas do mundo inteiro são do Estado. Rosângela Rosemare Silva e a adolescente, Rafaela da Silva Moura, participaram da competição que ocorreu no fim de semana passado em Curitiba e saíram com a medalha de segundo lugar.
“A capoeira mudou minha vida. Além da parte física, emocional e psicológica, ajuda a lidar melhor com as emoções no dia a dia. A mulher capoeirista se sente mais confiante na hora de ter que se defender, tanto fisicamente quanto verbalmente. A gente sabe se impor”, destaca Rosângela.
Ela é mais conhecida pelo nome de guerra, Miojo Muzenza. Aos 37 anos, a capoeirista se dedica ao esporte que aprendeu em 2001. “Recebi um convite de uma amiga para treinar e nunca mais saí. Cheguei até a viajar a Europa por quase dois anos, aprendendo e trabalhando com projetos socais”, diz.
Desde então deu continuidade aos treinos e participou de vários campeonatos, principalmente o mundial que já levou a medalha do terceiro lugar. Neste ano, ela levou novamente seu gingado para a competição e trouxe para Mato Grosso do Sul a medalha de prata. Agora, é considerada uma das melhores capoeiristas do mundo.
“Gostaria de ter sido a primeira porque treinei pra isso, mas ser a segunda melhor do mundo é sensacional. Agora é treinar novamente para ser a melhor na competição que ocorrerá de novo em 2022”.
Os treinos continuam em Campo Grande e ela concilia com o emprego de agente de saúde. Durante a semana treina a flexibilidade, corrida, alongamento e se prepara para dar o seu melhor em tudo. A campeã incentiva outras mulheres a entrar no esporte. “É uma forma de valorizar a nossa arte porque a capoeira é brasileira. O básico do esporte dá para aprender em seis meses, porém no começo não é fácil, mas com dedicação dá para continuar”, afirma.
Outra que também trouxe a medalha de prata pra casa foi Rafaela da Silva Moura, de Maracaju, cidade distanete 157 quilômetros de Campo Grande. Ela tem 12 anos e ficou no segundo lugar na categoria Infanto Juvenil Feminino. “Fiquei nervosa porque é muita gente competindo, tinha medo de errar, mas ganhei todas. Entrei na capoeira há quatro anos, por incentivo dos meus pais”, diz a adolescente.
O pai, Higino Rodrigues Moura é o treinador e relata as dificuldades da filha. “Ela tem baixa visão, nasceu com Toxoplasmose congênita. Tem apenas 20% da vista esquerda, mas consegue enxergar os movimentos, vultos, menos o rosto da pessoa”, conta ele.
A filha iniciou na capoeira porque sempre via o pai e a mãe, Keila Souza da Silva treinando. Hoje, o esporte é uma forma de manter a família reunida. “Uma forma de estarmos juntos, fazemos roda, música, tocamos berimbau”, fala Higino.
Essa foi a primeira competição mundial que Rafaela participou, porém antes, ela competia em campeonatos estaduais de MS.
Conforme o pai, não é difícil treinar a filha mesmo sem ela enxergar muita coisa. “Ela gosta e com pessoas que querem aprender é sempre mais fácil de ensinar. É uma alegria a ver chegando lá em cima, passando todos as dificuldades ao mesmo tempo que supera”.
Uma das vantagens de Rafaela ter aprendido capoeira é a autonomia. “Andar sozinha, falar, saber se impor, estamos tentando passar isso pra ela. Não é só saber lutar. Estamos ao lado dela para que fique mais forte”, conclui o pai.
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